A frase apresentada pode ser interpretada como elíptica, na medida em que está omissa uma oração subordinante ou como uma expressão fixa, usada, por exemplo, numa interação verbal.
No caso de integrar uma estrutura elíptica, a oração subordinante pode determinar a natureza da oração apresentada pelo consulente.
Vamos imaginar que a frase completa teria a forma apresentada em (1):
(1) «Faz como te der jeito.»
Neste caso, a oração «como te der jeito» é uma oração subordinada relativa, na qual o pronome como é equivalente a «(d)o modo que»1.
Relativamente ao tempo/modo que poderá ser usado na oração subordinada, podemos afirmar que este mantém uma relação de dependência com o tempo verbal do verbo da oração subordinante. Assim, com o verbo da subordinante em diferentes tempos do modo indicativo, é possível apresentar o verbo da subordinada flexionado nos mesmos tempos do indicativo de forma a expressar uma realidade:
(2) «Fazes como te dá jeito.»
(3) «Fazias como te dava jeito.»
(4) «Fizeste como te deu jeito.»
Com o modo conjuntivo a expressar uma possibilidade, o futuro do conjuntivo aponta para um intervalo de tempo futuro em relação ao momento de enunciação. Neste caso, e atendendo a que o verbo fazer também contribui para a configuração de uma ação a ocorrer após o momento de enunciação, a opção mais natural parecer ser o futuro do conjuntivo, tanto com o verbo da oração subordinante no indicativo como no imperativo:
(5) «Faz como te der jeito.»
Não obstante, uma expressão como (6), que inclui o verbo no presente do conjuntivo, também será aceitável para alguns falantes:
(6) «?Faça como lhe dê (mais) jeito (fazer).»2
É possível, por outro lado, interpretar a oração em causa como integrando uma estrutura elíptica que faz parte de uma frase como (7):
(7) «Podem ir de comboio ou de táxi, como der mais jeito.»
Neste caso, trata-se de uma oração conformativa. Como o conteúdo da oração aponta para uma situação futura, o futuro do conjuntivo é usado em lugar do futuro do indicativo (cf. Bechara, Moderna Gramática Portuguesa. Ed. Nova Fronteira, p. 237).
Caso se trate de uma construção fixa, semelhante a «como quiser» ou «como queira», o tempo verbal selecionado parece ser preferencialmente o futuro do conjuntivo.
(8) « ̶̶ Vou ficar a descansar um pouco.
̶ Como lhe der mais jeito.»
Disponha sempre!
?marca a aceitabilidade duvidosa da frase.
1. Para maior aprofundamento sobre esta classificação de como, leia-se Telmo Móia, “Aspectos Sintáctico-Semânticos das Orações Relativas com como e quando” in Actas do XVI Encontro Nacional da Associação Portuguesa de Linguística, Lisboa APL, 2001, pp. 349-361.
2. Para uma reflexão sobre os usos do conjuntivo e sobre as diferenças entre os valores do presente do conjuntivo e do futuro do conjuntivo, consulte-se esta resposta.