Não vemos contradição entre a possibilidade de um predicativo do sujeito ser realizado quer por uma oração substantiva relativa (sem antecedente) quer por uma oração substantiva completiva.
Note que uma oração substantiva relativa pode ser parafraseada por uma estrutura oracional relativa de tipo restritivo:
1) «Ele não é quem parece.»
2) «Ele não é a pessoa que parece.»
Em 1), temos uma oração substantiva relativa sem antecedente que exerce a função de predicativo do sujeito. Em 2), temos como predicativo do sujeito um grupo nominal que é modificado por uma oração adjetiva relativa restritiva.
Quanto às orações substantivas completivas, temos:
3) «O mais certo é [chover amanhã]»,
oração que pode ser posta em equivalência com:
4) «O mais certo é [que chova amanhã].»
A respeito das orações substantivas completivas encaixadas em 3) e 4), pode afirmar-se que desempenham a função de predicativo do sujeito, tendo em conta que, funcionalmente, nos contextos em referência, são semelhantes a grupos nominais:
5) «O mais certo é o regresso da chuva.»
Note, no entanto, que as orações substantivas relativas levantam alguns problemas de análise quando ocorrem com verbos copulativos (ser, como é o caso), não sendo absurdo propor-se que na verdade a função sintática por elas desempenhada é a de sujeito (as frases em que correm são identificacionais). Contudo, atendendo, por um lado, ao critério de identificar o predicativo do sujeito à esquerda do verbo copulativo e, por outro, ao nível de análise exigido no ano curricular em apreço, afigura-se válido considerar que tais orações são predicativos do sujeito. Trata-se, em todo o caso, de um tipo de estruturas cuja ambivalência parece apenas abordável em cursos universitários de análise gramatical e que talvez não valha a pena explorar com um aluno do ensino secundário eventualmente menos motivado para as subtilezas da análise sintática.