A frase dita por Rúben Amorim ao minuto 10:32 da conferência de imprensa de antevisão do jogo do Sporting contra o Porto, ocorrido a 28/04/2024, está correta.
A oração «se o Porto ganhasse» consiste numa oração condicional contrafactual, uma vez que Rúben Amorim, na conferência de imprensa em questão, estava a referir-se à última vez em que o Sporting tinha jogado contra o Porto. Neste caso, a interpretação da oração faz-nos assumir que o antecedente é falso, ou seja, que o Porto não ganhou esse último jogo contra o Sporting.
Segundo Maria Lobo, em Gramática do Português (Fundação Calouste Gulbenkian), as orações condicionais contrafactuais geralmente ocorrem com o pretérito mais-que-perfeito do conjuntivo, «mas também são possíveis o imperfeito do conjuntivo e o presente do indicativo» (pág. 2021). Neste sentido, o uso da oração «se o Porto ganhasse» no contexto referido está correto. No entanto, também seria aceitável o pretérito mais-que-perfeito do conjuntivo «se o Porto tivesse ganhado».
Quanto ao uso do imperfeito simples do indicativo na oração principal, «apanhava-nos na classificação», também está correto, uma vez que, tal como indica Maria Lobo, a sua função é realçar o mundo alternativo que é construído e contribuir para uma interpretação contrafactual da frase que está condicionada pragmaticamente. Pois, é «através da relação que se estabelece entre o tempo da oração principal e o da oração subordinada que conseguimos interpretar a factualidade da condição» (pág. 2021).
Note-se que o imperfeito simples do indicativo pode, em português, ser utilizado para exprimir irrealidade.