O único caso em que podemos usar alternadamente os verbos estar e ficar é para localizar edifícios e localidades no espaço.
1) «O hospital está ao lado do hotel.»
2) «O hospital fica ao lado do hotel.»
Nos restantes casos, os dois verbos têm sentidos diferentes, pelo que não é possível substituir um pelo outro sem alterar, mesmo que ligeiramente, o significado da frase.
Entre outros usos, o verbo estar serve habitualmente para referir estados (incluindo meteorologia) ou localizações (tempo e espaço).
1) «Estou feliz com a notícia.»
2) «Ele não veio trabalhar porque está doente.»
3) «Está frio.»
4) «Nós estamos em casa.»
5) «A bagagem está no aeroporto de Lisboa.»
6) «Estamos em janeiro.»
O verbo ficar também pode reportar estados e localizações, mas tem subjacente uma ideia de permanência ou de mudança não planeada, eventualmente súbita.
a) «Fico feliz com a notícia.»
(O meu estado mudou para «feliz» ao receber a notícia inesperada.)
b) «Ele não veio trabalhar porque ficou doente.»
(Ele planeava trabalhar, mas o estado de saúde mudou para «doente».)
c) «Ficou frio.»
(Estava um tempo agradável e, sem se prever, a temperatura ficou baixa.)
d) «Nós ficamos em casa.»
(Iremos permanecer em casa, em vez de sairmos.)
e) «A bagagem ficou no aeroporto de Lisboa.»
(A bagagem não seguiu o percurso esperado, permanecendo em Lisboa.)
f) ? «Ficamos em janeiro.»
(Esta frase é agramatical, a não ser que alguém esteja a viajar no tempo e resolva permanecer no mês de janeiro de um determinado ano.)
Para tornar mais claro, poderemos dar como exemplo o seguinte diálogo telefónico:
– Onde estás?
– Estou em casa.
– Nós vamos ao cinema. Queres vir?
– Estou adoentada. Acho que fico em casa. [permaneço em casa]
– Agora fiquei preocupada contigo. Queres que leve um filme para vermos na tua casa? [mudança de estado para “preocupada”]
– Não fiques preocupada, isto passa. [não permaneças preocupada]