Na frase «estão 17 graus de temperatura», o verbo copulativo estar deve apresentar-se na 3.ª pessoa do plural do presente do indicativo, concordando com a expressão «17 graus de temperatura».1 Considera-se que o verbo estar é usado impessoalmente, e o sintagma nominal, em que figura o numeral cardinal dezassete a quantificar uma medida referida pelo substantivo graus, na forma plural, tem a função sintática de predicativo do sujeito. É legítima a concordância do verbo estar com o predicativo do sujeito; podemos dizer: «está 1 grau de temperatura», mas «estão dois graus de temperatura». Este comportamento reflete o que ocorre com o verbo ser, quando este é empregado impessoalmente, isto é, sem sujeito, nas designações de horas, datas e distâncias (Evanildo Bechara, Moderna Gramática Portuguesa, 37.ª edição, 2009, p. 673):
«São dez horas? Ainda não o são.»
«Hoje são 15 de agosto.»
«Da estação à fazenda são três léguas a cavalo.» [M. Said Ali.]
1 Não sendo impossível em Portugal, sente-se como típica do português do Brasil a construção com o verbo fazer: «faz 17 graus». Neste caso, o verbo fazer é usado impessoalmente, e a expressão que refere a temperatura («17 graus», «frio», «calor») tem a função de complemento direto (cf. Dicionário UNESP do Português Contemporâneo, 2004, s.v. estar e fazer).