A frase apresentada é de interpretação dúbia. Apenas o contexto poderá esclarecer com maior certeza a função sintática dos constituintes em causa.
Assim, por um lado, poderemos considerar que o verbo estar, usado como verbo copulativo, pode «indicar que uma entidade se encontra num determinado estado físico, mental, fisiológico ou social, temporalmente delimitado»1. Considerando que o verbo estar é mobilizado na frase para expressar um estado de uma destas naturezas, o grupo preposicional «a mil» constitui o predicativo que descreve a propriedade que se atribui ao sujeito. Por esta razão, desempenha a função de predicativo do sujeito. Por seu turno, o constituinte «numa montanha russa» desempenha a função de modificador do grupo verbal, uma vez que não assume função predicativa, pelo que não é essencial à frase.
Por outro lado, é possível analisar o verbo estar como um verbo copulativo locativo (que tem um valor espacial), o que implicaria que o locutor pretende afirmar que se encontra numa montanha russa. Nesse caso, seria o constituinte «numa montanha russa» a desempenhar a função de predicativo do sujeito, tendo o constituinte «a mil» a função de modificador do grupo verbal, com o valor de indicação da velocidade da ação.
A nosso ver, a primeira interpretação será, eventualmente, preferencial dada a ordem de colocação dos constituintes: existirá uma tendência para a colocação do predicativo mais perto do verbo copulativo.
A diversidade de interpretações aqui avançada mostra, antes de mais, que esta é uma frase cuja análise deve ser evitada em contexto escolar não universitário, sobretudo num quadro de avaliação, atendendo à pluralidade de interpretações que desencadeia.
Disponha sempre!
1. Raposo in Raposo et al., Gramática do Português. Fundação Calouste Gulbenkian, p. 1330.