Em perguntas formadas por uma frase declarativa seguida de uma pergunta de retoma, não se usa «pois é».
Deste modo, nos casos apresentados, em que toda sequência de função interrogativa marca a expetativa de uma resposta na afirmativa, o uso correto corresponde à formação de uma pergunta de retoma com o advérbio de negação não e a repetição do verbo empregado na declarativa:
(1) «És muito bem comportado, não és?»
(2) «Gostas muito de gelado, não gostas?»
(3) «O gato é querido, não é?»
Também é possível juntar a interrogativa «não é» (que é uma forma curta de «não é verdade?»), que funciona como marcador de discurso, com a função de chamar a atenção do interlocutor e pedir-lhe confirmação:
(4) «Gostas muito de gelado, não é?»
Se a interrogativa estiver na forma negativa, pode ser rematada por «pois não», quando a resposta esperada for negativa :
(5) «Não és muito bem comportado, pois não?» [resposta: «Não»]
Voltando a «pois é», esta expressão constitui, segundo o dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, uma exclamação «que indica confirmação ou marca indiferença» (nos exemplos seguintes A e B simbolizam dois interlocutores):
(5) A: Estão cansados de me ouvir, não é? B: Pois é.
(6) [Depois de alguém ter falado, por exemplo, expondo o seu ponto de vista ou fazendo uma queixa] B: Pois é. Mas o melhor é falarmos nisso mais tarde.