Antes do nome próprio Canaã, não se emprega artigo definido, e, portanto, não pode ocorrer a contração à (a chamada crase no Brasil). Deve, portanto, escrever-se «vai a Canaã e volta de Canaã», sempre sem artigo definido.
Observe-se que não há normas muito rígidas sobre a colocação ou omissão de artigos antes de topónimos, em português. Geralmente, os nomes de continentes, países e regiões do género feminino são acompanhados de artigo definido: «a Polónia», «a Pomerânia», «a Síria», «a Palestina», «a Indochina», «a Indonésia», «a Sibéria», «a Micronésia», etc. Muitos nomes com o mesmo tipo de referência têm também artigo definido: «o Mónaco», «o Egito», «o Irão», «o Japão», «o Brasil», «o Congo», etc. Pode-se, portanto, inferir que são mais os nomes de países precedidos de artigo definido, do que aqueles que não o são.
Não obstante, Canaã faz parte da minoria dos nomes sem artigo definido, à semelhança de Castela, Angola, Marrocos ou Moçambique. Com efeito, os registos deste nome bíblico, que equivale muitas vezes a Palestina, não exibem artigo definido, pelo que não deve ocorrer contração (crase).
Cabe ainda referir que Canaã deve a sua designação a um dos filhos de Cam, amaldiçoado por Noé, e era conhecida por Terra Prometida entre os judeus. Neste caso, se se optar pela designação Terra Prometida, ocorre contração: «vou à Terra Prometida». É território que coincide com a Palestina1, topónimo precedido de artigo, o que obriga à ocorrência de crase, como em «vou à Palestina», por exemplo.
1 Na verdade, é abrangido atualmente por Israel e pelo Estado da Palestina.