Comecemos por analisar a formação do substantivo feminino infodemia.
Tem este origem no inglês infodemic, constituído por uma amálgama, i.e., trata-se de uma unidade lexical formada a partir da fusão de duas ou mais unidades lexicais truncadas, as quais, neste caso, correspondem a informação + epidemia (information + epidemic). Repare-se que a última unidade lexical, [epi]demia é um substantivo feminino passível de ser pluralizado, razão por que infodemia também o seja: infodemias. Observe-se, ainda, que infodemia, como epidemia, não é um substantivo coletivo, porque designa não um conjunto formado por seres ou entes individualizados, mas, sim, uma situação com grande impacto demográfico.
Olhando para o siginificado deste substantivo – «quantidade excessiva de informação cuja idoneidade da fonte é difícil de verificar, dada a sua rápida disseminação e longo alcance; excesso de informação divulgada pelos meios de comunicação, muitas vezes não fidedigna» (Dicionário da Língua Portuguesa da Academia das Ciências de Lisboa) –, pode parecer pouco natural afirmar-se «o perigo das infodemias». De facto, o mais natural, e correto também, seria «o perigo da infodemia».
Contudo, assumindo que falamos de excesso de informações divergentes no seu conteúdo ou área, por exemplo, não há como não pluralizar o substantivo. Por exemplo, se os meios de comunicação divulgarem excesso de informação, por um lado, acerca de casos de corrupção no futebol e, por outro, acerca da guerra Rússia-Ucrânia, verificam-se «duas infodemias».