É permitido, é totalmente normal na oralidade e aceita-se mesmo na escrita, embora muitos normativistas do século passado achassem que havia algum abuso na construção.
Vasco Botelho de Amaral, no seu Grande Dicionário de Dificuldades e Subtilezas da Língua Portuguesa (s. v. «é que, foi que»), criticava o «uso descomedido» de «é que», mas verificava que o seu emprego não é historicamente um galicismo, podendo atestar-se nas obras de Alexandre Herculano. Rodrigo Sá Nogueira (Dicionário de Erros e Problemas da Linguagem, Livraria Clássica Editora, Lisboa, 1974) também se referia a esse abuso, mas assinalava do mesmo modo que a expressão tinha, no português, tradição anterior à influência francesa do século XIX.
No final do século XX, a expressão «é que» é descrita sem qualquer observação que restrinja ou condene a sua ocorrência. Assim, por exemplo, Celso Cunha e Lindley Cintra (Nova Gramática do Português Contemporâneo, 1984, págs. 504/505) referem-se à «locução invariável "é que"» e descrevem-na sem qualquer juízo normativo desfavorável. Atualmente, a sequência «é que» é descrita por linguistas como locução que participa em construções de foco (clivagem), ou seja, em construções que dão relevo especial a certos constituintes frásicos («o meu clube é que ganhou»).