A grafia bahia está de facto registda na 5.ª edição do VOLP. Resta saber:
a) se é grafia alternativa a baía, «recôncavo no litoral», uma vez que temos Bahia com h;
b) quer seja baía a palavra representada quer não, se é legítimo usar um h em meio de palavra que é substantivo comum.
A resposta a estas questões é:
1. Em relação a a), não parece variante de baía «recôncavo no litoral», mas, sim, segundo o Dicionário Houaiss, «design[ação] comum às plantas do gên[enero] Bahia, da fam[ília] das compostas, com 13 s[ubes]p[écies] nativas do Sudoeste dos EUA, México e Chile». A palavra surgiu como termo do latim científico Bahia, e este, por sua vez, tem origem no topónimo Bahia.
2. Quanto a b), o problema é semelhante ao de fúcsia, que tem uma variante, fúchsia, com ch pronunciado como [k], porque deriva do nome próprio estrangeiro Fuchs. Em relação a bahia, dado tratar-se de substantivo comum não derivado de nome próprio (cf. Acordo Ortográfico de 1990, Base I), parece-me haver um paradoxo: a palavra tem h medial como se fosse derivado de nome estrangeiro (por exemplo, bahaísmo de BaháAlláh ou Bahá-ullah, «Glória de Deus», em árabe). Mas Bahia não é um nome estrangeiro; é uma peculiaridade que se conservou no Brasil como símbolo da identidade baiana. Se Bahia é afinal Baía, grafia mais conforme às convenções do Acordo Ortográfico de 1990 e dos que o precedem, então a forma da palavra deverá ser baía. É de realçar o que no antigo Formulário Ortográfico de 1943, em vigor no Brasil até 2008, se dizia no seu n.º 42, e em particular na observação que o acompanhava:
«Os topônimos de tradição histórica secular não sofrem alteração alguma na sua grafia, quando já esteja consagrada pelo consenso diuturno dos brasileiros. Sirva de exemplo o topônimo Bahia, que conservará esta forma quando se aplicar em referência ao Estado e à cidade que têm esse nome. Observação. — Os compostos e derivados desses topônimos obedecerão às normas gerais do vocabulário comum.»