Sobre o gentílico de Dois Portos, localidade do concelho de Torres Vedras, não se consegue dar uma resposta categórica.
Em matéria de formação de gentílicos, há alguns princípios gerais, mas não se pode dizer que haja regras. Com efeito, lê-se no Dicionário de Gentílicos e Topónimos (DGT) do Portal da Língua:
«Existem várias formas de criar gentílicos. Os mais comuns são os formados por sufixos como -ês (português), -ense (macaense) e -ano (americano). No entanto, não se pode estabelecer um padrão fixo para a criação de gentílicos, porque estes dependem fortemente não só da estrutura da língua, mas também da tradição e do uso de estruturas que se fixaram ao longo do tempo.
[...] [N]em todos os locais possuem um gentílico associado que esteja registado. Por exemplo, não existe uma única palavra atestada para denominar o habitante da pequena localidade de Vila da Pinta, no Cartaxo (Portugal): seja por que motivo for, ainda não se encontrou uma atestação do gentílico, mas, a criá-lo, ele seria algo como vila-pintense (como em vila-bispense de Vila do Bispo). [...]
[...] [N]em sempre é possível encontrar um determinado gentílico pelos seguintes motivos:
- pela dimensão e complexidade do tema;
- porque existem locais para os quais não foram encontrados nas fontes consultadas gentílicos atribuídos, embora se saiba que eles existem;
- porque existem locais que, por diversas razões, não possuem nenhum gentílico associado (nestes casos consideramos que, por enquanto, usar a expressão "o habitante / o natural de nome da localidade" é a forma mais correta de o referir).»
No caso de Dois Portos, não se perfila um gentílico com tradição de uso local ou administrativo. Contudo, a exemplo do caso de Vila do Porto, cujo gentílico é vila-portense, é possível formar de Dois Portos o nome e adjetivo dois-portense, com hífen. A forma "dois-portuense" poderia aceitar-se em princípio, mas não se afigura recomedável, dado que portuense parece limitar-se a formas gentílicas simples, como acontece com portuense, gentílico correspondente à cidade do Porto; além disso, a forma "dois-portuense" no plural prestar-se-ia com certeza a confusões, suscetível de ser interpretada como «dois portuenses», ou seja, «dois naturais/habitantes do Porto».
Neste contexto, a alternativa ainda mais segura é empregar formas analíticas como sejam «naturais de Dois Portos», «residentes de Dois Portos», «habitantes de Dois Portos», entre outras soluções. É esta, como se vê, a solução proposta pelo DGT, na falta de um gentílico enraizado no uso.