Com efeito, o constituinte «sem se ver» desempenha a função de adjunto adverbial de modo (modificador do grupo verbal).
O verso de Camões que introduz o conhecido soneto «Amor é um fogo» corresponde a uma frase copulativa na qual Amor desempenha a função de sujeito e o sintagma nominal «um fogo que arde sem se ver», a de predicativo do sujeito. No interior deste sintagma, encontramos uma oração subordinada relativa que toma como antecedente o nome fogo.
Na oração relativa «que arde sem se ver», o pronome que desempenha a função sintática de sujeito e o constituinte «sem se ver» é um adjunto adverbial com valor modal. É possível identificá-lo porque se reporta ao verbo arder e porque responde às perguntas «como?», «de que modo ou maneira?» Não estamos perante um complemento do verbo (relativo ou oblíquo) porque o verbo arder, sendo intransitivo, não exige nenhum constituinte para completar o seu sentido.
Refira-se ainda que o constituinte «sem se ver» é composto por uma preposição, sem, que introduz uma oração reduzida de infinitivo: «ver-se».
Disponha sempre!