O registo da maioria dos dicionários mais ou menos recentes tem a forma nogado, como denominação de um doce feito com nozes, amêndoas, amendoins ou pinhões e caramelo ou mel. Esta forma soará "nugado".
No entanto, é antiga uma variante – hoje talvez mais alentejana, mas também localizável no Algarve, pelo menos, no nordeste desta região - em que o o de nogado é aberto e, ao que parece, tónico, tornando a palavra esdrúxula (com acento tónico na antepenúltima sílaba). Esta variante não é assim tão recente, pois está atestada há mais de cem anos, por exemplo, na Revista Lusitana, dirigida por J. Leite de Vasconcelos, nos volumes I (1887-1889, p. 262), mais precisamente como palavra esdrúxula usada na aldeia de Rio Frio, nos arredores de Bragança, e no volume X (1907, p. 268), onde aparece no apêndice a um vocabulário alentejano e com uma grafia que, embora indique o timbre aberto do o, não garante que se trate de esdrúxula.
Importa também realçar que nógado denomina um doce que não coincide exatamente com a definição acima indicada, porque consiste em pedacinhos de massa frita envolvida em mel. Justifica-se, portanto, a aceitabilidade desta forma, pelo menos, em referência ao referido doce.
Observe-se ainda que nógado pode ser um cognato do castelhano nuégado: (cf. dicionário da Real Academia Espanhola). Com efeito, não se exclui que seja um empréstimo ou que tenha recebido influência da forma castelhana, como sugere José Pedro Machado no Grande Dicionário da Língua Portuguesa (Leitores, Círculo de Leitores, 1991)1.
Por último, registe-se o galicismo nugá, do francês nougat (um cognato de nogado), com a ressalva de, pelo menos, no Sul, se dizer também "nògá", com "o" aberto átono.
Em suma, a forma mais difundida e correta é nogado. No entanto, ocorre regionalmente a forma nógado (ou "nògado", com "o" aberto átono), que é de aceitar, pelo menos, como designação de um doce parecido com o confecionado com frutos secos de casca rija, o nogado.
1 Ver também o blogue Assim Mesmo (30/05/2010), de Helder Guégués.