Como saberá, a língua portuguesa tem duas ortografias oficiais: para o português do Brasil e para o português europeu (seguido — até quando? — pelos países africanos de língua oficial portuguesa e Timor-Leste).
Devido a essa realidade, nós aqui no Ciberdúvidas damos por isso a possibilidade da selecção automática da norma ortográfica pretendida (em PE|PB no canto superior direito da página), conforme a opção de quem nos consulta.
É o que devia ter acontecido, também, com o referido videojogo — a exemplo, aliás, do que acontece já com mil e um produtos comercializados à partida numa ou noutra norma ortográfica. Na Internet são inúmeros esses casos, assim como no mercado livreiro português. O mais recente foi o excelente Dicionário Houaiss de Sinónimos e Antónimos (ed. Temas e Debates), antes disponível só em edição brasileira.
A verdade é que o critério prevalecente é mesmo a chamada lógica do mercado: para a produtora desse videojogo, 200 milhões de brasileiros contam muitíssimo mais do que o acanhado mercado de Portugal...
Tivesse já sido concretizado o Acordo Ortográfico, e nada disto se colocava. Ou seja, a língua portuguesa teria o mesmo registo escrito em Portugal, no Brasil ou nos restantes seis países lusófonos. E deixaria também de haver essa permanente discrepância ortográfica nos areópagos internacionais mais variados, neles incluídos os leitorados e no ensino do português por esse mundo fora.
Com os custos — se me é permitida esta opinião pessoal — que se agudizarão cada vez mais do ponto vista geolinguístico, essa vertente tão decisiva nos tempos que correm. Pelo menos, para os países que não hipotecam a sua língua ao rolo compressor da globalização anglófona.