A língua portuguesa utiliza desde longa data um vocabulário prático e objectivo, com base no latim popular e no árabe. Sob o ponto de vista gramatical manteve as estruturas fundamentais da língua latina, em grande parte por influência do latim eclesiástico. No século XV e seguintes, teve lugar a relatinização com larga influência no nível de língua mais erudito. No século XVII e seguintes, formaram-se novos vocábulos com elementos gregos e latinos necessários à filosofia e, posteriormente, às ciências. Devido ao nível cultural dos criadores destes vocábulos, não é fácil encontrarmos palavras que não respeitem a sua própria história.
Vejamos duas palavras eruditas que são passíveis de polémica:
Pedófilo e pedofilia – são vocábulos que adquiriram um significado global que contraria o significado de um dos seus componentes. O elemento pedo- refere-se a criança, e os elementos -filo e -filia estão relacionados com a amizade, que é negada no conceito global.
Note-se, no entanto, que são palavras de origem francesa. Se pedófilo e pedofilia encerram contradições, estas já são anteriores à entrada na língua portuguesa.
A língua portuguesa não se presta a tantas ambiguidades como a língua francesa ou a língua inglesa. A última sílaba das palavras portuguesas é frequentemente fraca ou átona, mas suficientemente audível para evitar confusões.
Na língua portuguesa, as homónimas, homófonas e parónimas são em número reduzido, pelo que, também, não se prestam a muitos jogos de palavras. Os textos humorísticos em Portugal utilizam a linguagem corrente e até o baixo nível. Não são frequentes os jogos de palavras brincando com o nível linguístico erudito.
Mantivemo-nos sobretudo no domínio da formação, derivação e relacionação (relacionamento) das palavras. Se for conveniente, poderemos ainda comentar impropriedades linguísticas (fonéticas, gramaticais ou semânticas).