Obrigado pelas suas palavras iniciais.
A forma inter- é classificada quer como prefixo quer como elemento de composição. Dentro da tradição ortográfica portuguesa, Rebelo Gonçalves (Vocabulário da Língua Portuguesa, 1966, e Tratado de Ortografia Portuguesa, 1947, pág. 221) classifica-a como prefixo, que se separa por hífen quando o segundo elemento a que se liga «tem vida à parte e começa por h ou por um r» (Tratado..., pág. 221).
Alguns anos depois, Celso Cunha e Lindley Cintra, na Nova Gramática do Português Contemporâneo, incluem-na entre os pseudoprefixos (idem, pág. 115), que, historicamente, se relacionam com os radicais eruditos, que entram em compostos eruditos (idem, pág. 109); no entanto, distinguem-se destes porque «ingressam noutras formações com sentido diverso do etimológico» (idem, pág. 114). Seja como for, isto quer dizer que, se inter- participa de compostos, como dizem Cunha e Cintra, então não é um prefixo como os outros, isto é, os utilizados na derivação de palavras (por exemplo, in- em infeliz). Sendo assim, dir-se-á simplesmente que inter- é um elemento de composição. Note-se de qualquer modo que o termo prefixo parece ter sido usado na tradição gramatical portuguesa mais como um elemento de formação de palavras do que como um elemento específico de um dado tipo de processo de formação.
O seu sentido é próximo do da preposição portuguesa entre, ela própria derivada da preposição e prevérbio (elemento que se liga aos verbos) latino ‘inter’, que surge, por exemplo, no verbo ‘intellegĕre’, «compreender» (‘inter’ + ‘legĕre’; ver Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa).