Agradeço as observações de Fernando Bueno. Estão bem feitas. Parece-me que o caso é para observar, conversar, meditar e depois... decidir. Vejamos, então, as frases:
(1) Meu grupo tem bem mais indivíduos que o de Simone.
(2) Meu grupo tem muito mais indivíduos que o de Simone.
(3) Simone percebeu que havia mais alguns indivíduos em seu grupo.
Nunca vi que os advérbios se possam ligar a pronomes indefinidos e modificá-los. É certo que, nesta frase, podemos considerar mais como pronome – pronome indefinido. Ou, talvez melhor, como adjectivo indefinido, nomenclatura esta que se usava há dezenas de anos, quando o chamado pronome se encontrava ligado a um nome (ou substantivo). Assim, chamava-se adjectivo demonstrativo a este em «este homem».
Se aceitarmos esta doutrina, o advérbio bem está a modificar um adjectivo.
Para esta doutrina de considerarmos mais como um pronome, podemo-nos basear no muito bom Dicionário Aurélio, brasileiro, onde encontramos mais como pronome indefinido na seguinte frase:
(4) Vendeu mais livros este mês que no anterior.
Se não quisermos chamar-lhe pronome, chamamos-lhe quase pronome, uma vez que não estão bem evidentes as características do pronome.
Mas a 10.ª edição do «Grande Dicionário da Língua Portuguesa» de António Morais Silva considera mais como adjectivo, quando «diante dum substantivo, expresso ou oculto». Eis uma das frases apresentadas:
(5) No mercado há agora mais fruta.
O vocábulo mais na frase (5), está nas mesmas condições que mais na frase (4).
Se considerarmos mais como adjectivo, uma vez que está ligado a um substantivo e o modifica, então sim, bem será um advérbio, e dentro da doutrina gramatical em voga, como em (1) e (2).
Sim, na frase (3), mais modifica alguns, porque este pronome está em função de adjectivo – é um adjectivo determinativo. Temos aqui o advérbio mais a modificar um adjectivo, o que está dentro da doutrina a que estamos habituados, tanto em estudos de Portugal como do Brasil, que tem obras muito boas sobre a Língua Portuguesa. Não sei se o nosso companheiro de trabalho Fernando Bueno concorda com a minha maneira de ver. É apenas uma achega.
E bem haja, como se diz no Norte (= muito obrigado).
Nota. – De facto em Portugal diz-se «muitos mais indivíduos», mas é preferível «muito mais indivíduos».