A frase está correta, e há exemplos literários desta construção, quer do Brasil, quer de Portugal:
(1) «Entretanto, faziam-se horas. Os examinadores estavam já reunidos na sala de exames [...].» (Aluísio Azevedo, Casa de Pensão, 1884)
(2) «Estão a fazer-se horas do seu jantar, Magalhães.» (Carlos Oliveira, Uma Abelha na Chuva, 1953)
Poderia julgar-se que, neste caso, o verbo fica no singular, como acontece com a construção «já faz oito horas que ela desapareceu» (cf. Dicionário Houaiss, s.v. fazer), a qual é equivalente a «já há oito horas que ela desapareceu», para expressar o tempo decorrido. Não sendo impossível dizer-se ou escrever-se «já se faz horas», com o verbo no singular, como em «já se faz tarde», acontece, porém, que com a expressão das horas se notam certas peculiaridades de uso que se tornaram norma pela força do uso. Com efeito, na construção em apreço, o verbo concorda com «horas», no plural, à semelhança do verbo dar, cuja aplicação a horas se faz intransitivamente, de maneira menos habitual, segundo Evanildo Bechara, na sua Moderna Gramática da Língua Portuguesa (Rio de Janeiro, Editora Lucerna, 2003, p. 563):
«Se aparece o sujeito relógio, com ele concorda o verbo da oração: "O relógio deu duas horas." Não havendo o sujeito relógio, o verbo concorda com o sujeito expresso pela expressão numérica: "No relógio deram duas horas."»
Acrescentar que esta construção não deve ser confundida com «fazer horas» (ou «fazer hora»), que ocorre com o significado de «deixar passar o tempo entretendo-se» (cf. dicionário da Academia das Ciências de Lisboa), nem com «fazer hora com alguém», giro informal brasileiro usado no sentido de «zombar, escarnecer de alguém» (Dicionário Houaiss).