A existência de coordenadas explicativas, admitida por uma certa corrente tradicional, está longe de ser consensual. E não se pense que é de hoje a problemática. Epifânio da Silva Dias, na sua Sintaxe Histórica Portuguesa, disponível na BN Digital, considera a existência de apenas três tipos de coordenadas: copulativas, adversativas e disjuntivas.
Pretendo, com o exposto, salientar que a existência de coordenadas explicativas não é pacífica. Também não é consensual o valor coordenativo da conjunção porque, independentemente do sentido veiculado.
Pessoalmente, considero porque subordinativo, uma vez que permite à oração que introduz uma liberdade de movimento que não é característica da coordenação, em que a oração iniciada pela conjunção deverá ocorrer sempre em segundo lugar, como se pode verificar nos exemplos a seguir:
(1) Resolveu ser diferente, porque queria aprender coisas novas.
(2) Porque queria aprender coisas novas, resolveu ser diferente.
(3) A Maria foi ao cinema, e o João foi ao teatro.
(4) *E o João foi ao teatro, a Maria foi ao cinema.
Assim, classificaria a conjunção porque como subordinativa causal: A frase que introduz no exemplo apresentado tem ainda, associado a uma certa ideia de causa, um outro sentido, o explicativo.