DÚVIDAS

Resposta

Os dois títulos são  formulações corretas.

Em construções comparativas, como é o caso do título em causa, a expressão que marca a entidade a que outra se compara é geralmente introduzida pela locução conjuncional do que, mas também se aceita que possa ocorrer que, como ilustra a Nova Gramática do Português Contemporâneo de Celso Cunha e Lindley Cintra (Lisboa, Edições João Sá da Costa, p. 257):

– depois de adjetivos no grau comparativo:

1. «Pedro é mais idoso do que Carlos.»

2. «João é mais nervoso que desatento.»

– depois dos advérbios de quantidade mais e menos e antes de um pronome ou uma expressão nominal:

3. Ele viaja mais do que ela./Ele viaja mais que ela.

A locução «do que» só se torna a opção recomendável quando o segundo termo contém um verbo, como no seguinte exemplo:

4. Ela trabalha mais do que passeia.

5. ?Ela trabalha mais que passeia.

A frase 5 é de aceitabilidade duvidosa. O emprego de «do que» chega a ser mesmo obrigatório, quando o termo de comparação constitui uma oração cujo verbo, por sua vez, seleciona uma oração completiva (que pode estar subentendida).

6. Ela trabalha mais do que julga (trabalhar).

7. *Ela trabalha mais que julga.

Em 6, «do que» não pode ser substituído por que (daí a agramaticalidade de 7). No entanto, a substituição é possível quando o segundo membro da comparação inclui uma oração relativa (ver resposta "Do que em orações subordinadas comparativas", de Edite Prada):

8. Ela trabalha mais do que aquilo que julga.

9. Ela trabalha mais que aquilo que julga.

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