Maria Helena de Moura Neves, na sua obra Guia de Uso do Português: Confrontando Regras e Usos, refere que a expressão «quanto possível» é invariável. Apresenta como exemplos «O detetive fez cara tão neutra quanto possível» e «Os vira-latas (tantos quanto possível), deitados no sofá, nas poltronas, ela tange-os, tudo isso enquanto fala.»
A questão que se poderá levantar é se poderemos usar a sequência sem que seja sentida como expressão fixa, em contextos como, por exemplo:
1. «Fiz tantos exercícios quantos me foi possível.»
Será que esta frase poderá ser aceite com elipse?:
2. (?) «Fiz tantos quantos possível.»
Ou ainda:
3. «Exercícios? (?) Fiz tantos quantos possível.»
Sinceramente, o plural de quantos, no contexto anterior, parece-me um pouco forçado. Analisemos, deste ponto de vista, a frase em apreço:
4. «Os maiores peixes de água doce estão desaparecendo. O biólogo Zeb Hogan identifica e protege tantos quanto possível.»
Poderemos aceitar o plural de quantos se explicitarmos o pronome oblíquo e o verbo (5), mas parece-me estranha, tal como 2 e 3 acima, se assumirmos que se trata de uma elipse (6):
5. «O biólogo identifica e protege tantos quantos lhe é possível.»
6. (?) «O biólogo identifica e protege tantos quantos possível.»
Em síntese, a frase em apreço não só é correcta como não me parece que a alternativa com quantos no plural seja adequada. A interpretação correcta será considerar «quanto possível» como uma expressão invariável, seguindo Maria Helena de Moura Neves.