O Acordo Ortográfico de 1990 não é claro quanto à grafia de nomes próprios, os quais podem envolver a consideração de aspetos históricos. Mas é verdade que apenas apresenta a forma Singapura, na Base III, quando se refere a homofonia de certos grafemas consonânticos.
Tanto quanto sabemos, no Brasil, apesar de se aceitar a grafia Cingapura, também é corrente Singapura1, forma que é a única correta em Portugal (cf. Textos relacionados)2.
Quanto a berinjela, esta é forma possível, mas beringela é a forma preferível (cf. Textos relacionados).
1 No Brasil, ambas as grafias são legítimas. como refere Evanildo Bechara, num apontamento publicado em O Dia (01/01/2012) e disponível no portal da Academia Brasileira de Letras: «Nos bons dicionários elaborados no Brasil, Houaiss optou por ‘Cingapura’, e o Aurélio por ‘Singapura’. O Acordo de 1990 registra a escrita com ‘s’, por ser um texto que tomou por modelo o sistema de 1945; mas a verdade é que, neste particular, se antecipou à última palavra a ser dada, futuramente, pelo vocabulário ortográfico da terminologia geográfica e ciências afins. Enquanto a decisão não vier, são válidas as duas grafias. Foi a lição que tomou certeiramente, assim o julgamos, a 5ª edição do VOLP da ABL, registrando os gentílicos ‘cingapurense’, ‘cingapuriano’, ao lado de ‘singapurense’; pois não registra nomes próprios [...].» A chamada de atenção para este apontamento deve-se a Luciano Eduardo de Oliveira.
2 O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (1940) da Academia das Ciências de Lisboa fixava Cingapura como forma preferível a Singapura; e no Vocabulário Onomástico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras, regista-se de facto Cingapura como entrada que apresenta Singapura como variante. Contudo, em Portugal, prevaleceu a doutrina de Rebelo Gonçalves, que, no Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa (1947), defende a grafia Singapura com os seguintes argumentos: «[...] não nos repugna que na Base V do Acordo Ortográfico [de 1945] se haja preferido Singapura. A verdade é que, se a escrita com c tem a abonação de Barros, Camões, Castanheda (Cincapura), Mendes Pinto (idem), a escrita com s ocorre também em Herédia (idem), Bocarro (Sincapur); é a que se torna corrente do século XVIII em diante (um exemplo, entre muitos outros, em José Agostinho de Macedo, O Oriente, XII 43, I); e tem a vantagem, decerto apreciável, de não destoar das formas correspondentes de outras línguas modernas.»