Gratos, antes de mais, pelos generosos cumprimentos.
Quanto à pergunta, a explicação de «até a» é histórica, por fixação no uso. Por outras palavras, trata-se de uma locução que globalmente é equivalente a até (preposição) e que não permite uma análise composicional, isto é, termo a termo, o que significa que, ao contrário do que se pretende na pergunta, não há que atribuir função gramatical especial à preposição a.
Vale a pena citar a nota de uso que o Dicionário Houaiss dedica a até (mantém-se a grafia original; desenvolveram-se as abreviaturas):
«como preposição, é indiferentemente correto associá-la ou não a outra preposição (ir até o parque ou ir até ao parque; caminhar até a igreja ou até à igreja), embora, por vezes, se imponha tal escolha para evitar a ambigüidade: numa frase do tipo estudei até a quinta lição, o até poderia ser entendido tanto como preposição quanto como advérbio, daí ser conveniente colocar crase quando for preposição; em percorremos até o campo tanto se poderia entender como "até mesmo o campo" ou "até o limite do campo"; atualmente, é mais comum em Portugal o emprego associado à preposição a, enquanto no Brasil as utilizações pendulam; historicamente, até o século XVII, usou-se na língua apenas até; nesse mesmo século foi que começou a surgir até a, com o artigo feminino (até à, até às), e posteriormente com o artigo masculino (até ao, até aos); grandes escritores dos séculos XIX e XX alternaram o emprego do até preposicionado com o até sem preposição, por vezes na mesma obra (Machado de Assis, por exemplo) [...].»