Na pronúncia padrão do português de Portugal, a redução das vogais átonas é neutralizada pela nasalização, ou seja, a regra de recuo e elevação do vocalismo átono só se aplica às vogais orais, sem abranger as vogais nasais1.
Note-se, porém, que, regionalmente, sobretudo, nos dialetos portugueses setentrionais, muitos falantes generalizam a regra do vocalismo átono às vogais nasais, razão por que é de prever que, em relação à palavra continente, se possa registar a pronúncia "cuntinente"2, em lugar de "continente".
1 Na Gramática do Português (Fundação Calouste Gulbenkian, 2013-2020, p. 3317), lê-se: «[...] [A] redução vocálica atua depois da nasalização e não se aplica a um núcleo (rima) silábico complexificado pela nasalidade [...].»
2 É o que se infere da seguinte observação incluída na Gramática do Português (Fundação Calouste Gulbenkian, p. 3318): «Em alguns dialetos nortenhos, a redução vocálica aplica-se às vogais nasais [ẽ] e [õ], que são pronunciadas, respetivamente, como [ɨ̃] e [ũ], como em m[ɨ̃]tir mentir, s[ɨ̃]tir sentir e c[ũ]tinuar continuar, ap[ũ]tar apontar ou em c[ũ] com.»