Trata-se de um aposto, embora não seja um exemplo típico.
No âmbito da gramática tradicional e mesmo no quadro do Dicionário Terminológico, destinado a apoiar o ensino da gramática na escola básica e secundária em Portugal, os apostos são sempre exemplificados com grupos nominais que ocorrem depois do núcleo do grupo nominal de que fazem parte, como a seguir se apresenta, adaptando a frase em questão:
1 – «A avó, mulher carinhosa, mostrou o álbum de fotografias à neta.»
Contudo, a Gramática do Português, da Fundação C. Gulbenkian (2013, p. 1111), contempla a possibilidade de o aposto ocorrer em posição pré-nominal, tal como acontece com adjetivos pré-nominais com a função de modificadores do nome; por exemplo:
2 – «A carinhosa avó mostrou o álbum de fotografias à neta» [o adjetivo pré-nominal é um modificador].
3 – «Carinhosa, a avó mostrou o álbum de fotografias à neta» [o adjetivo é um aposto].
A Gramática do Português faz este paralelo, quando discute a possibilidade de o aposto ocorrer antes de um grupo nominal que não inclua determinante; de qualquer modo, esta discussão acaba por evidenciar que os apostos podem ser pré-nominais, conforme se diz na fonte consultada:
«Quando o adjetivo é um aposto [...], pode ocorrer mesmo quando um nome próprio não é especificado pelo artigo: cf. apressada, Maria saiu de casa de manhã cedo ou Maria, apressada, saiu de casa de manhã cedo. [...]»
Esta citação permite, portanto, concluir que, pelo menos, neste tipo de descrição gramatical, um caso como o da ocorrência de «carinhosa» na frase em causa é classificável como aposto.
Por último, observe-se que este caso, bastante frequente em textos literários e jornalísticos, não é porém dos mais referidos como ilustração típica do aposto. É, portanto, natural que, atendendo aos limites da descrição gramatical feita nas escolas básicas e secundárias, tenha de ter uma abordagem mais marginal, sem fazer parte da lista de conteúdos sujeitos a avaliação.