Na frase «Livros, cadernos,canetas, nada ficou sobre a mesa», o pronome indefinido nada tem a função de aposto e faz parte do sujeito. A Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, considera que «o aposto tem o mesmo valor sintáctico do termo a que se refere» (p. 157). Acrescente-se que nada constitui na frase uma enumeração ou recapitulação, como acontece com tudo (também um pronome indefinido), num exemplo retirado de gramática que mencionei: «Os porcos do chiqueiro, as galinhas, os pés de bogari, o cardeiro da estrada, as cajazeiras, o bode manso, tudo na casa de seu compadre parecia mais seguro do dantes» (José Lins do Rego, Fogo Morto, Rio de Janeiro, José Olympio, 1944, p. 289)