O constituinte «em caleche» desempenha na frase apresentada a função de complemento oblíquo.
A questão colocada pela consulente convoca a distinção entre complemento oblíquo e modificador do grupo verbal. Um dos testes que poderá ser utilizado para, neste contexto, identificar a função do constituinte é a construção pseudoclivada. Esta assenta na estrutura «O que o SUJEITO fez foi SINTAGMA VERBAL», como se observa em (1), frase adaptada, e (1a):
(1) «Nós fomos transportados em caleche.»
(1a) «O que nós fizemos foi ser transportados em caleche.»
Esta construção mostra que «ser transportados em caleche» constitui o sintagma verbal, mas é possível focalizar apenas o verbo e os seus complementos, colocando o modificador antes de «foi». Observe-se a manipulação da frase (2/2a):
(2) «O João cantou esta música em Lisboa.»
(2a) «O que o João fez em Lisboa foi cantar esta música.»
O facto de o constituinte «em Lisboa» poder ser colocado antes de «foi» mostra que se trata de um modificador, que pode, portanto, ser afastado do verbo.
Se aplicarmos o mesmo teste à frase em análise, verificamos que gera uma construção inaceitável:
(1b) «*O que nós fizemos em caleche foi ser transportados.»
O resultado da construção pseudoclivada aponta para o facto de o constituinte «em caleche» ter a função sintática de complemento oblíquo, estando o verbo transportar a ser usado como um verbo principal transitivo direto e indireto.
Disponha sempre!
*Assinala a inaceitabilidade da construção.