As frases apresentadas têm problemas de sintaxe relacionados com os usos do adjetivo fundamental e do verbo evoluir.
De acordo com Celso Luft1, o adjetivo fundamental rege as preposições para e a, como se exemplifica em (1) e (2):
(1) «O exercício é fundamental para a saúde.»
(2) «O sono é fundamental à vida.»
Note-se que é possível encontrar frases onde o adjetivo fundamental é seguido da preposição em (simples ou contraída). Todavia, nas frases que identificámos, não estávamos perante um caso de regência, como se exemplifica em (3):
(3) «A liberdade foi fundamental no 25 de Abril.»
Nesta frase, o constituinte «no 25 de Abril» relaciona-se com o predicado e poderá ser colocado noutro espaço, o que indica que não tem a função de complemento do adjetivo.
O verbo evoluir, por seu turno, é usado como intransitivo, como em (4), ou como transitivo indireto, como em (5):
(4) «O João evoluiu muito.»
(5) «O latim evoluiu para as línguas românicas.»
Assim sendo, na frase em análise o constituinte «os nossos saberes» não poderá ser usado como complemento direto, uma vez que o verbo evoluir não tem esta estrutura argumental, pelo que a ideia expressa na frase em análise pode ser conseguida, como sugere o consulente, pelo verbo fazer, usado como causativo (ver respostas relacionadas).
Sugere-se uma possível correção das frases apresentadas:
(6) «Ler é fundamental para a evolução das pessoas. Ajuda-nos a compreender o mundo e faz evoluir os nossos saberes.»
Disponha sempre!
1. Luft, Dicionário prático de regência nominal. Ed. Ática, 1997.