Este verbo está nos dicionários e deve estar, porque se emprega, embora escusadamente. Os dicionários devem mencionar o que não está bem, desde que seja de emprego corrente, pelo seguinte: se encontrarmos uma dessas palavras e não soubermos o que significa, quem no-lo diz? Só pode ser o dicionário. Quando a palavra é indevida, os dicionários deviam-no dizer. Foi assim que procedeu J. S. Roquete no seu dicionário. No registo da palavra farpante, diz o seguinte:
"Em vez de notável, admirável, insigne, ilustre, conspícuo, etc., é galicismo intolerável". Reparemos no seguinte: todas as línguas estão em "evolução" permanente; portanto evolucionam. Qual das palavras nos "fala" mais claramente à nossa compreensão, é evolucionar, que imediatamente ligamos a evolução, ou evoluir? Para quê tal palavra, se temos evolver, evolucionar, progredir, desenvolver-se?
Diz Napoleão Mendes de Almeida no seu "Dicionário de Questões Vernáculas": Evoluir - verbo mal formado, por influência do francês "évoluer". Quem ensina deve indicar o mais correcto ou o menos correcto? É certo que evoluir já ganhou raízes profundas. Mas também "madame" ( e muitas outras), aportuguesada até em "madama", andou por cá mais de cem anos. E agora quem a diz? É raro ouvi-la.
Se empregarmos sempre o galicismo evoluir, perdemos as quatro palavras portuguesas atrás mencionadas. É, contudo, verdade - e todos o sabem - que não é a introdução de estrangeirismos vocabulares o que mais danifica a língua, mas os erros de morfologia e de sintaxe, tão frequentes.