Tal como se diz e escreve «em contramão» («em sentido contrário à direção normal do trânsito automóvel»), integrando a preposição em, o uso mais corrente e indiscutivelmente correto da locução em apreço é também com em: «em contracorrente», conforme atesta o dicionário da Priberam, que define a expressão como o mesmo que «de maneira contrária à corrente, nomeadamente a uma corrente de opinião». A forma registada no dicionário da Academia das Ciências de Lisboa, no artigo da entrada contracorrente, igualmente inclui a preposição em: «em contracorrente» («em sentido contrário»)1.
Há que observar, porém, que não se afigura impossível a preposição a, como, aliás, se aceita no dicionário da Priberam: «"a contracorrente", o mesmo que "em contracorrente"». Além disso, a preposição a encontra legitimidade em exemplos semanticamente afins como «a contragosto» («contrariado, constrangido»; cf. António Nogueira Santos, Português – Novos Dicionários de Expressões Idiomáticas, Edições João Sá da Costa, 1990) e «a contrapelo», literalmente «em sentido contrário ao do pelo» e figurativamente «sentido inverso ao normal» (ibidem)2.
Além disso, não é impossível que a palavra contracorrente apareça acompanhada de artigo definido e precedida ou de em ou de a:
(1) «cercar com uma rede os peixes à contracorrente» (Dicionário Houaiss)
(2) «um escritor que está na contracorrente da literatura brasileira» (Aulete Digital)
1 Ver também o dicionário da Infopédia e o dicionário da Priberam.
2 O Corpus do Português (Mark Davies) atesta este uso: «Não se sente um pouco a contracorrente do que está a ser feito em televisão?» (semanário Expresso, 15/11/1997).