Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Pedro Ferreira Professor Guarda, Portugal 6K

1) O Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP) da Academia Brasileira de Letras (ABL) [em português do Brasil (PB)] contém a palavra ahn, descrita como interjeição.

Julgo saber que o h se usa no início de certas palavras por razões etimológicas. Nos dígrafos nh, lh e ch. E no final de certos vocábulos, como ah, convencionalmente. Nenhum dos casos aqui se aplica.

Está ahn corretamente grafado? Muito agradecia resposta e comentário.

2) O Acordo Ortográfico de 1990 indica explicitamente que se grafa Cernache (e logo não Sernache). O VOLP da ABL contém tanto os vocábulos cernachense como sernanchense. Este último termo está corretamente grafado?

3) O VOLP contém o encadeamento vocabular palha de itália (com minúscula). Se fosse com hífen, eu perceberia (palha-de-itália); mas prescindindo-se do hífen não seria antes "palha de Itália" (com maiúscula)?

(Este VOLP da ABL começa a enervar-me.)

João Fidalgo Estudante de mestrado em Economia Coimbra, Portugal 8K

No âmbito da metodologia da Economia fui confrontado com a palavra isolation, que significa separar um dado conjunto de variáveis/fenómenos em dois grupos, em que as variáveis de cada grupo não impactam sobre as variáveis do outro grupo. Como traduzo isolation? Isolamento dá uma ideia negativa de excluído e incomunicável, o que não é o caso. Daí preferir isolação a isolamento, mas não sei se a primeira existe. Qual a vossa opinião?

Ana F. Silva Estudante Braga, Portugal 60K

Nas frases «O carácter do artista raramente corresponde à ideia que dele temos»; «O carácter do artista corresponde sempre/frequentemente à ideia que dele temos», como classificamos os advérbios raramente, sempre e frequentemente? São advérbios adjuntos, ou disjuntos? E, sob o ponto de vista sintáctico, modificadores de frase, ou de verbo?

Suponho que o advérbio raramente tem sentido negativo. Estes advérbios, sob o ponto de vista da designação semântica, são advérbios de frequência e/ou de tempo?

Antecipadamente agradecida.

Carlos Pereira Reformado da aviação comercial Lisboa, Portugal 7K

Oiço (e leio) frequentemente frases do tipo «ambos não falaram», «ambos não disseram», etc., em vez de «nenhum (dos dois) disse, falou, etc».

Pelo tempo que já levo de vida (60), de escrita e de leitura, habituei-me (e creio que bem) a utilizar a segunda maneira de expressar.

Entretanto, tenho dificuldade em explicar sucinta, correcta e gramaticalmente esta utilização da língua portuguesa, a quem se opõe à segunda versão, afirmando que a primeira estará correcta e que, além disso, fará sentido (??).

Eu digo que «nenhum (dos dois) viu» faz mais sentido do que «ambos não viram», mas não convenço...

Eu digo que estamos num universo de acção (considerando que a omissão também é uma acção), e não faz sentido fazer utilização de uma negação para referir uma acção, mas não chega...

Eu digo que o termo ambos tem sentido positivo (yn, yang), e que o não lhe retira a carga positiva, mas não colhe...

Eu digo que a utilização da primeira expressão é "português arrevesado", mas..., mas..., mas...

Podem ajudar-me?

Margarete dos Santos Professora Guarulhos, Brasil 33K

Gostaria de saber se existe abreviatura para a palavra psicopedagogia e qual é. Por favor!

Cristiana Silveira Estudante São Paulo, Brasil 5K

Preciso de ajuda para fazer a análise sintática completa da seguinte frase, de acordo com as gramáticas tradicionais:

«Eles não se vexam dos cabelos brancos.»

Obs.: Se o verbo vexar é transitivo direto, devo afirmar que «dos cabelos brancos» é adjunto adverbial? E qual é a função de se (se = partícula sem função, que é exigida pelo verbo; ou se = objeto direto? Como saber?)?

Agradeço-lhes imensamente pela análise sintática completa e pelos esclarecimentos. Parabéns pelo excelente trabalho!

Alice Muneishi Estudante São Paulo, Brasil 31K

Numa dissertação, a autora Araújo (1999) cita Vygotsky (apud Kohl, 1995, p. 49). Eu estou fazendo um projeto e fiz um resumo desta dissertação, coloquei a citação de forma indireta, a minha dúvida é: como devo legitimar esta citação?

Por exemplo: «Vygotsky trabalha na concepção de que o desenvolvimento da aprendizagem se dá a partir das relações do sujeito com o meio (Vygotsky, 1995 apud Araújo, 1999)» ou «(Kohl, 1995 apud Araújo, 1999)» ou apenas «(ARAÚJO, 1999)» por ser citação indireta?

Se alguém puder me ajudar, agradeço muitíssimo.

Lukas Francik Estudante Praga, República Checa 5K

Gostaria de saber se em português podemos encontrar o neologismo interno e externo e, se sim, como o podemos definir.

Obrigado.

João Francisco Engenheiro {#electrónico|eletrônico} Brasília, Brasil 7K

Gostaria de poder fazer uma tréplica em relação à construção «A ou B, complementando com C». A dúvida original não foi solucionada pela construção lógica [ARBITRARIAMENTE] utilizada. A questão é exatamente saber que construção lógica adotar:

(A V B) Λ C ou A V (B Λ C)

Ora, substituindo-se a vírgula pela conjunção aditiva e (Cunha e Cintra), a estrutura da frase «A ou B, complementando com C» ficará:

A V B Λ C

Para a lógica booleana, o conectivo ou (V) equivale ao sinal de adição (+) e o conectivo e (Λ), ao de multiplicação (.). A partir daí, vale a regra de prioridade das operações fundamentais envolvidas numa expressão matemática: a multiplicação tem prioridade sobre a adição. Logo, a expressão A V B Λ C se reduzirá a:

A + B.C

Em conclusão, C só se aplica a B. Não cabe qualquer dúvidda quanto a isso. Quem estudou lógica booleana e trabalhou com circuitos integrados TTL sabe muito bem disso. Podemos afirmar com toda certeza que a construção em debate corresponde ao circuito eletrônico assim formado:

Uma porta OR (em inglês) que tem por entradas o valor A e o resultado de B AND C.

Noutros termos, somente oficiais aviadores terão de atender às opções 1, 2 ou 3 (a uma ou a mais de uma).

P. S.: Além do mais, no caso concreto, não haveria sentido em distinguir oficiais aviadores dos demais candidatos de nível superior (utilizando um OU). Em todo caso, espero ter sido esclarecida a confusão com os argumentos acima. O debate até agora foi muito esclarecedor para mim. O que vocês acham?

Maria Branco Estudante Ponta Delgada, Portugal 8K

Na frase «Bem, acho que vou dormir», qual é a função sintáctica de bem?

Morfologicamente é um advérbio, não é?

Obrigada.