DÚVIDAS

As classes de palavras de maningue
A palavra de origem moçambicana maningue tem como sinónimo a palavra muito. Procurei saber de que forma a palavra maningue pode ser utilizada, olhando para tal para a classe de palavras a que pertence. Nos dois dicionários que consultei, o da Infopédia e o da Academia, pude ver que se está perante um advérbio. Para além de ser um indiscutivelmente um advérbio, maningue também pode ser utilizado, segundo o dicionário da Infopédia, como pronome indefinido. Já o dicionário da Academia de Ciências de Lisboa, considera, pelo contrário, que a outra classe de palavras a que pertence maningue é a dos determinantes indefinidos. Posto isto, maningue é um pronome indefinido ou um determinante indefinido? Ou os dois? Será que podiam dar alguns exemplos? Muito obrigado.
Complemento do adjetivo: «fabricadas com o ouro»
No segmento «[...] Camões revela-se um subtil ourives de composições delicadas e gráceis, discretamente preciosas, fabricadas com o ouro dos cabelos e do sol, com o verde dos campos e dos olhos [...]», a expressão «com o ouro dos cabelos e do sol» desempenha a função sintática de complemento do adjetivo, uma vez que está precedida do particípio passado fabricadas que funciona como adjetivo? Obrigada pela atenção.
Vírgula e conjunções: «Mas, quando me vi...»
No brilhante livro Manual de boa escrita; vírgula, crase e palavras compostas, da prof.ª Maria Tereza de Queiroz Piacentini, ela afirma que o mas pode ser usado sem vírgula quando «inicia oração seguida de uma conjunção subordinativa». Eis uns dos seus exemplos: «Mas quando me vi sem saber o que comer, bateu o desespero.» «Os instrumentos iam parando... Mas à medida que as velas se apagavam, outras luzes se acendiam.» Naturalmente, eu teria usado uma vírgula após o mas em ambos os exemplos por acreditar ser uma intercalação. Dito isso, venho lhes consultar a esse respeito e aproveito para estender minha dúvida ao mesmo caso em se tratando de outras conjunções como e, então etc. quando iniciam uma oração. Agradeço desde já.
O adjetivo jesuítico
Ao ler um texto de 1857, de autoria de um brasileiro, topei com uma palavra nova (para mim): jesuítico. O contexto era insultuoso: o autor falava de alguém «atrevido e jesuítico». Os dicionários esclarecem-me que, além de referir-se a assuntos atinentes à ordem dos jesuítas, o adjetivo jesuítico ganhou uma acepção pejorativa. Algumas definições: «que é considerado fingido ou dissimulado», diz o Priberam; «fingido, dissimulado», ecoa o Caldas Aulete; «que não merece confiança; hipócrita», informa o Michaelis. Minhas perguntas: Qual é a origem dessa palavra em sua conotação depreciativa? Tem algo que ver com a política anti-jesuítica do Marquês de Pombal? Era comum, na época do marquês e depois dele, pespegar nos jesuítas a mácula da hipocrisia, do fingimento ou da dissimulação? É possível ouvir-se ainda hoje, em Portugal, a mesma palavra pejorativamente? Muito obrigado!
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