Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Campo linguístico: Fenómenos fonéticos
Fernando Pestana Professor Rio de Janeiro , Brasil 1K

Algumas ocorrências que encontrei de pronomes oblíquos átonos arcaicos:

«Que estais no céu, santificado... Não no disse eu, menina? Seja o vosso nome…» (Almeida Garrett)

«Ele ou é trova, ou latim muito enrevezado, que eu não no entendo.» (Almeida Garrett)

«Via estar todo o Céu determinado / De fazer de Lisboa nova Roma; / Não no pode estorvar, que destinado / Está doutro Poder que tudo doma.» (Camões)

«O favor com que mais se acende o engenho / Não no dá a pátria, não, que está metida…» (Camões)

«Ora sabei, padre Fr. João, que eu bem no supunha, bem no esperava; mas parecia-me impossível, sempre me parecia impossível que viesse a acontecer.» (Eça de Queirós)

«A culpa de se malograrem estes sublimes intentos quem na tem é a sociedade…» (Camilo Castelo Branco)

«Parentes, amigos, nem visitas nenhumas parecia não nas ter.» (Almeida Garrett)

Há alguma explicação para o uso da consoante n antes dos oblíquos átonos?

Muito obrigado!

António Ferreira Comercial Portugal 3K

Compreendo a forma de pronunciar certas palavras, quando as mesmas assumem uma forma com silabas adicionais.

Como exemplo refiro: carro e carroça" (lendo-se cárro e cârroça), ou faca e faqueiro (lendo-se fáca e fâqueiro).

Assim sendo, como explicar o caso de raça e racismo, onde as duas palavras são ditas como "ráça" e "rácismo"?

Há alguma regra que possamos considerar para saber quando se abre ou fecha a vogal?

Obrigado.

Fernando Tinoco Ferroviário aposentado Barcelos, Portugal 1K

Como se lê a palavra Baguim, isto é, em quantas sílabas se divide essa palavra: "ba-guim" ou "ba-gu-im"?

Queria também saber se leva ou não acento gráfico.

Obrigado.

Gonçalo Ferreira Castelo-Branco Estudante Porcelhe, Oliveira de Frades, Portugal 1K

Não é a primeira vez que me interrogo sobre a origem deste raro e curioso topónimo: "Candam".

Ao que sei, existem apenas duas povoações com este nome, uma na Beira Alta, em pleno concelho de Oliveira do Hospital, e outra nas circunvizinhanças de Águeda.

Gostaria de obter mais algumas informações, se assim for possível, acerca da etimologia de "Candam", e igualmente o porquê da grafia "-am" nestas duas circunstâncias.

Muito agradeço, desde logo, a vossa atenção.

Pedro Ribeiro Estudante Porto, Portugal 7K

Já nos explicaram a etimologia da palavra noite, mas conseguem explicar o fenómeno recorrente de, em línguas diferentes, a palavra noite ser mais ou menos n + oito?

Mesmo que todas venham do latim, há alguma razão para esta relação entre noite e oito ou só coincidência?

Antonio Lima Professor Bonito-PA, Brasil 3K

A respeito da origem da nasalidade em mui/muito, José Joaquim Nunes, no seu Compêndio de Gramática Histórica (1975[1911]), afirma o seguinte:

«embora MUI e MUITO sejam formas clássicas, nas cantigas 38 e 453 do Cancioneiro da Ajuda [séc.XIII], aparecem já nasaladas, como mostram as grafias MUYN e MUINTO donde se conclui não se moderna na língua a nasalização(...).»

Já o gramático Said Ali, na sua Gramática Histórica da Língua Portuguesa (1964[1931]), pensa diferente:

«No extraordinariamente usado MUITO , foi tão tardia a mudança, que o cantor d'Os Lusíadas [séc. XVI] ainda podia dar-lhe para rima FRUITO e ENXUITO. Não se sabe a data da alteração definitiva, porque em MUITO e MUI nunca se assinalou – caso único – a vogal nasal pela escrita. Que em português antigo se pronunciava a tônica como U puro e fora de dúvida, porque, em caso contrário, não lhe faltaria o til, sinal tão profusamente usado naquela época.»

1) O Cancioneiro da Ajuda é do séc.XIII, e Os Lusíadas do séc. XVI, qual dos estudiosos está certo ?

2) Há atualmente consenso entre os estudiosos a respeito de um período específico sobre o começo da nasalidade em mui e muito?

Grato pela resposta.

Amelia Russo de Sá Aposentada das Nações Unidas Moçambique/ Portugal 3K

No artigo "Reduções de palavras que não são abreviaturas" de 26-11-2020, João Nogueira da Costa afirma o seguinte :

«O adjetivo belo tem a forma reduzida bel que se usa unicamente com o vocábulo prazer: «fazer algo a seu bel-prazer.»

A minha pergunta é : por que é a palavra belver (ou "bel-ver"?) não é considerada uma forma reduzida como bel-prazer? .

Muito obrigada pela atenção

Alexandre Silva Técnico Superior Municipal Seia, Portugal 1K

A minha questão é sobre toponímia da serra da Estrela. Não sei se será este o local mais apropriado para a minha dúvida.

Na área mais elevada da serra da Estrela existe um topónimo com a seguinte designação: "Salgadeira / Salgadeiras". O termo salgadeira remete para conservação, por intermédio do sal, composto que, no estado natural, não se encontra na referida área.

Gostaria de saber se a sua designação/criação (salgadeira) poderá ter a ver com a utilização da neve/gelo como forma de conservação através do frio.

Desde o século XVII que há registos de transporte de neve/gelo, a partir das serras da Estrela, Montejunto e Lousã para as cortes e para a nobreza mais abastada. E daí a origem dos poços de neve e da profissão de neveiro.

Caso não consigam responder à minha dúvida, poderiam indicar uma forma para explorar/pesquisar mais informação sobre esta temática?

Indicar, por exemplo, bibliografia ou alguém que em Portugal investigue ou se interesse pela toponímia?

Grato pela atenção dispensada

Armando Graça Reformado Frielas, Portugal 5K

Tenho vindo a encontrar a expressão «Fricativa (a) surda a) Variantes: Uvular, Velar, Lateral, Dental, Palatal».

Creio tratar-se de alguma terminologia gramatical que desconheço. Podem ajudar-me?

Já agora e falando a sério, com os 74 anos que tenho, será que devo voltar aos "bancos de escola" para me actualizar?

Grato pela vossa simpatia.

 

N.E. – O consulente adota a ortografia de 1945.

Rute Oliveira Estudante Évora, Portugal 12K

Qual a origem do nome das refeições e respectiva etimologia? Qual a história de cada nome?

 Obrigado.