Consultório - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Início Respostas Consultório Área linguística: Morfologia
Virgílio Dias Professor Castelo Branco, Portugal 8K

Saúdo o regresso do nosso Ciberdúvidas. Ele faz falta a quem, diariamente, há anos, se lhe habituou à companhia.

1. Pequeno comentário à seguinte resposta vossa:

«a palavra queijo, apesar de não ter uma concretização lexical na segunda oração, acaba por estar presente de forma subentendida: «Eu comprei um queijo, e tu ainda me deste um [queijo].»

— Logo, aquele segundo um seria artigo indefinido, como o primeiro.

Não seguimos tal opinião. Os pronomes estão sempre em vez duma palavra que, ausente, poderia estar presente. Mas, porque o não estão, é que há pronomes.

Se fosse válido este princípio do Ciber, desapareceriam os pronomes possessivos, demonstrativos e muitos indefinidos. E eles fazem falta ao estudo da frase.

A análise categorial tem de ser capaz de atribuir categoria às palavras da frase — independentemente daquelas que lá poderiam estar.

2. Embora seja aceitável (?) a classificação daqueles um como determinantes artigos indefinidos, é minha opinião que se trata de dois quantificadores, sendo um adjectival e outro pronominal.

«Eu comprei um queijo, e tu ainda me deste um» [Fiquei com dois].

3. Porque tenho muito respeito pelo trabalho dos colegas, só discordo se propuser uma alternativa. É o que faço agora:

«Eu comprei um queijo...»

— um: quantificador adjectival determinativo (numeral cardinal)

«e tu ainda me deste um»

— um: quantificador pronominal  (numeral cardinal).

Justificação:

Os quantificadores constituem uma categoria gramatical de cariz predominantemente semântico que, no entanto, lhes não cumula a função. Na realidade, eles desempenham uma função transversal a diversas categorias de palavras, e podem ser quantificadores adjectivais, pronominais e adverbiais.
Na análise categorial, é nossa opinião que deveremos sempre referir a classe própria: quantificador, seguida da classificação categorial complementar.

Foi o que fizemos na descrição proposta.

Eu teria muito gosto em discutir esta análise com o Autor da resposta — eu não sou dono da Verdade! —  mas não é — não tem sido — esse o entendimento do Ciber, e só me resta aceitar.

Ana Fernandes Estudante Porto, Portugal 6K

Gostaria de saber se é gramaticalmente correcto dizer, por exemplo, «Não é por as gerações...»?

Ou dever-se-á apenas dizer: «Não é pelo facto das gerações...»?

A utilização do por é correcta?

Obrigada.

Isabel Palmela Professora Marinha Grande, Portugal 9K

Na frase «Eu comprei um queijo e tu ainda me deste um», o último «um» a que classe gramatical pertence? Ele tem a função de um pronome, mas não o pode ser.

Agradecida.

Solange Santos Costa Estudante São Paulo, Brasil 10K

Preciso entender melhor o uso da crase. Nas gramáticas brasileiras, usamos o acento grave antes da palavra casa, só quando vier modificando.

«Cheguei a casa cedo.»

«Cheguei à casa de meu pai.»

Na segunda frase, está explicando que não é a minha casa.

Eu tenho uma amiga portuguesa e fiz esta pergunta para ela. Ela disse que ela não usaria acento grave desse caso.

Fiz uma consulta e vi uma explicação de vocês, mas não entendo se é diferente em Portugal.

Eu gosto muito de conhecer a diferença entre os dois países.

Obrigada.

Pedro Baptista Designer gráfico Lisboa, Portugal 12K

Gostava de saber se alguma destas expressões leva hífen: «boas graças», «meio gás», «meia maratona», «carrinhos de choque», «mal semeado».

Obrigado.

Cecília Teixeira Oliveira Estudante Uberaba, Brasil 91K

Tenho lido e ouvido reiteradamente, em sítios virtuais e na TV brasileira, a palavra "brócoli" como se fosse o singular da palavra "brócolis". Gostaria de saber se o uso desse singular está correto, embora me pareça estar completamente equivocado.

Parabéns pelo sítio!

Grata!

Marineusa Silva Professora Nova Viçosa, Brasil 6K

Quais os elementos mórficos das palavras revalorizar e repartir?

Hermínio Silva Empregado bancário Lisboa, Portugal 12K

Palavras como percepção, decepção, concepção, recepção (entre outras) são compostas por um prefixo (per-, de-, con-, re-) e um outro elemento linguístico comum "cepção".

Pergunto se, abordado isoladamente, aquele elemento comum à formação daquelas palavras tem algum valor ou significado, e qual é. Em caso afirmativo, poderíamos então juntar-lhe outros prefixos e formar outras palavras. Por exemplo, com o sufixo in- resultaria a palavra incepção (ou "insepção"?). Neste caso, qual seria o significado desta palavra?

Obrigado.

Mário Pereira Técnico de segurança Leiria, Portugal 4K

Existe alguma destas formas verbais: "inertizar" ou "inerciar", com o significado de «tornar inerte»?

Teresa Guedes Professora Figueira da Foz, Portugal 9K

Fui confrontada com a questão de ter de saber se a palavra byte é um acrónimo e não consigo encontrar resposta para esta dúvida. Se é acrónimo, quais as palavras que estão na sua origem?