De facto, no dicionário francês Petit Robert, mais concretamente no anexo «dérivés des noms de lieux» («derivados de nomes de locais»), surge o vocábulo francilien, ienne, relativo à Ilha-de-França. Assim, a palavra portuguesa franciliano (tradução correcta do referido termo francês) será a adequada para designar o gentílico da Ilha-de-França.
No que diz respeito à segunda pergunta do consulente, e ainda que o Acordo Ortográfico já em vigor nada diga sobre estes casos específicos1, penso que o mais correcto e sensato será manter os traços de união, tal como constam no topónimo francês Île-de-France, até mesmo para prevenir eventuais confusões que possam surgir. A França tem, como se sabe, uma ilha por entre as suas 26 regiões administrativas, a Córsega, o que pode originar ambiguidades facilmente evitáveis. Ex.: «Na ilha de França [referindo-se à Córsega] actua um separatismo que diz operar em nome de uma maior autonomia ou da independência.» Deste modo, mantendo-se os hífenes, fica clara a distinção entre a região da Ilha-de-França e a região da (ilha de) Córsega, por exemplo, ou até outras ilhas que já tenham pertencido a este país europeu. Ex.: «Mahé – primeiro nome do governador da então ilha de França [referindo-se à Maurícia]» (Corpo: CETEMPúblico).
1 «Emprega-se o hífen nos topónimos/topônimos compostos iniciados pelos adjetivos grã, grão ou por forma verbal ou cujos elementos estejam ligados por artigo: Grã-Bretanha, Grão-Pará; Abre-Campo; Passa-Quatro, Quebra-Costas, Quebra-Dentes, Traga-Mouros, Trinca-Fortes; Albergaria-a-Velha, Baía de Todos-os-Santos, Entre-os-Rios, Montemor-o-Novo, Trás-os-Montes.
Obs.: Os outros topónimos/topônimos compostos escrevem-se com os elementos separados, sem hífen: América do Sul, Belo Horizonte, Cabo Verde, Castelo Branco, Freixo de Espada à Cinta, etc. O topónimo/topônimo Guiné-Bissau é, contudo, uma exceção consagrada pelo uso.»