Frases passivas e agente da passiva
A Gramática do Português da Fundação Calouste Gulbenkian distingue as orações passivas em verbais, resultativas e estativas, entre outras.
No entanto, os exemplos dados por ela pareceram-me muito acomodatícios deixando de fora muitos outros, ficando eu sem saber julgá-los, pois os critérios apontados na gramática não se coadunam com as caraterísticas deles.
Na página 441, no penúltimo parágrafo, a gramática chega a afirmar a impossibilidade de haver agente da passiva nas orações passivas resultativase na página 444 no segundo parágrafo afirma que a passiva estativa não tem componente agentiva.
Por [tais critérios] me parecerem entrar em contradição com a gramática, cheguei até a duvidar da gramaticalidade das frases abaixo (2 e 3), no entanto, qualquer nativo português ou brasileiro a quem perguntei me assegurou da correção delas.
1) A cidade foi infestada pelos ratos.
2) A cidade ficou infestada pelos ratos.
3) A cidade está infestada pelos ratos.
A mim parece-me que "os ratos" [...] são de fato agentes da infestação e podem ser considerados agentes da passiva, ou não?
O que me parece é que depende dos verbos, como poderemos ver nos seguintes exemplos:
A procuração já foi assinada pelo presidente.
A procuração já está assinada pelo presidente.
Finalmente a procuração ficou assinada pelo presidente.
O superlativo absoluto analítico «muito pouco»
Preciso de ajuda com a construção «muito pouco».
É anómala a estrutura adverbial «muito pouco» para marcar o superlativo absoluto analítico de pouco, ou este apenas possuí a forma sintética pouquíssimo?
Exemplos:
1. Ele tinha muito pouco tempo.
2. Ele tinha pouquíssimo tempo.
Obrigado!
«Por óbvio» e obviamente
Recentemente ouvi algumas pessoas usando a expressão «por óbvio» em vez de obviamente.
Nunca a escutei antes e não a encontrei nos dicionários em que procurei. Gostaria de saber se ela é uma expressão válida.
Grato desde já!
Passiva sintética e verbos transitivos
Na frase «inocentou-se aquele réu», a voz é passiva sintética.
A minha dúvida é a seguinte: se essa frase não tem objeto direto, por que o verbo é ainda classificado como transitivo direto nessa voz?
Há algum gramático que dê uma luz sobre isso?
Muito obrigado!
Pronomes adjuntos vs. adjetivos
Por que incluímos determinadas palavras na classe fechada dos pronomes adjuntos (ou pronomes adjetivos)?
A dúvida é anterior à determinação da quantidade de adjetivos ou de pronomes adjuntos, pois ela se refere a seus respectivos conceitos.
Em outras palavras, qual conceito determina que certas palavras sejam pronomes (adjuntos), e não adjetivos, dado que ambas as classes se referem ao nome?
«Tanto...como...» e os clíticos
Com a locução coordenativa correlativa «tanto...como...» dá-se a próclise ou a ênclise do pronome?
Exemplos:
a) «Tanto ele como ela se mantiveram calados.»
b) «Tanto ele como ela mantiveram-se calados.»
Nesta situação, qual a frase correta?
Obrigado pela vossa colaboração.
O uso e a classificação de salvo
Numa das respostas excelentes do Ciberdúvidas afirma-se que «salvo é um conector que pode introduzir sintagmas nominais (1), orações infinitivas (2) e sintagmas preposicionais (3)».
Embora em espanhol exista a conjunção salvo que, parece-me que esta não existe no português. No entanto, tenho visto (raramente), nos ambientes jurídicos, salvo usado num sentido análogo ao das conjunções.
Fiquei com a dúvida se esse uso é gramatical. Se o é, como classificaríamos salvo neste caso?
«Esta legitimidade é determinada em função dos termos em que a relação material controvertida é configurada na petição inicial, salvo a lei indique em contrário.»
Obrigado.
Consigo: «consigo próprio»
Regra geral, tenho poucas dúvidas quanto ao português escrito; acredito, porém, que essa segurança advém do facto de ser uma leitora compulsiva, e não de ser especialmente versada nas questões menos comuns da gramática da nossa língua (de gramática, só recordo as distantes lições da instrução primária e do liceu, e uma leitura, também já distante no tempo, da «Nova gramática do Português contemporâneo»*, de Celso Cunha e Lindley Cintra), pelo que, frequentemente, me debato entre a certeza da formulação correta e a falta de base teórica para defender a minha posição. E quando não sei mesmo (nem sequer intuo), recorro ao Ciberdúvidas, claro.
Encontro-me presentemente a rever vários textos [...] e deparei com uma frase que me soa mesmo mal; mas como as alterações que proponho têm de ser discutidas com os autores, gostaria, caso tenha razão, que me proporcionassem o tal fundamento teórico, para poder apresentá-lo se aqueles não aceitarem a correção. A frase é a seguinte:
«Distinguir a diferença entre a perspetiva focal e periférica na relação com si próprio, com o outro, com os objetos e com o espaço.»
Eu sugiro «[...] na relação consigo próprio [...]». Tenho razão?
Obrigada e parabéns pelo vosso trabalho.
O verbo ir num verso de Camões: «Vai fermosa e não segura»
No vilancete camoniano “Descalça vai para a fonte”, no verso «vai fermosa e não segura», o constituinte «fermosa e segura» é classificado como predicativo do sujeito, o que confundiu os alunos, dado que o verbo ir seleciona complemento oblíquo, como no 1.º verso: «… vai para a fonte».
Agradecia a vossa explicação, porquanto as gramáticas que consultei não foram esclarecedoras.
O pronome nos como constituinte sintático
Na frase «ela não nos tinha dito que viria», o pronome nos é um grupo nominal (porque é um pronome) ou um grupo preposicional?
