Sandra Duarte Tavares - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Sandra Duarte Tavares
Sandra Duarte Tavares
84K

É mestre em Linguística Portuguesa pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. É professora no Instituto Superior de Comunicação Empresarial. É formadora do Centro de Formação da RTP e  participante em três rubricas de língua oortuguesa: Agora, o Português (RTP 1), Jogo da Língua  e Na Ponta da Língua (Antena 1). Assegura ainda uma coluna  mensal  na edição digital da revista Visão. Autora ou coa-autora dos livros Falar bem, Escrever melhor e 500 Erros mais Comuns da Língua Portuguesa e coautora dos livros Gramática Descomplicada, Pares Difíceis da Língua Portuguesa, Pontapés na Gramática, Assim é que é Falar!SOS da Língua PortuguesaQuem Tem Medo da Língua Portuguesa? Mais Pares Difíceis da Língua Portuguesa e de um manual escolar de Português: Ás das Letras 5. Mais informação aqui.

 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Estou-lhes muito grata por todo o apoio que me têm dado. Sinto dificuldades em conseguir informações corretas sobre o Novo Acordo Ortográfico, visto que diferentes dicionários apresentam grafias contrárias. Por exemplo, a Texto Editora escreve dia-a-dia e cor-de-laranja com hífens, enquanto a Porto Editora os retira. São apenas 2 exemplos, mas tenho-me deparado com situações semelhantes no que toca à supressão do c, duplas grafias etc., etc.

Nem sempre as informações condizem umas com as outras. Peço desculpa por vir partilhar esta preocupação, mas a verdade é que tais divergências baralham. Se entenderem que esta mensagem não se enquadra no âmbito do site, por favor ignorem-na.

Resposta:

«Dia a dia» e «cor de laranja», segundo o novo acordo, não levam hífen.

Eis as regras:

HÍFEN (Bases XV, XVI e XVII)

«– Não se usa hífen nas palavras compostas que contêm um elemento de ligação, ou seja, constituídas por Nome + preposição + Nome: fim de semana, caminho de ferro, lua de mel, dia a dia, etc. (salvo algumas exceções já consagradas pelo uso, como é o caso de água-de-colónia, arco-da-velha, cor-de-rosa, mais-que-perfeito, pé-de-meia, à queima-roupa).»

Uma vez que «cor de laranja» não se encontra na lista das palavras «consagradas pelo uso», deve seguir a regra geral, ou seja, sem hífen.

Em relação às consoantes mudas e dupla grafia:

SEQUÊNCIAS CONSONÂNTICAS (Base IV)

– As consoantes c e p são suprimidas sempre que não sejam pronunciadas:

    Ex.: diretor, ótimo, correção, atual, etc.

– Essas consoantes mantêm-se nos casos em qu...

Pergunta:

Analisar sintacticamente e morfologicamente a frase: «Rui, o avisado, repentinamente, puxara a primeira das éguas lazarentas para junto do cofre.»

Resposta:

Sujeito: Rui, o avisado

Modificador apositivo: o avisado

Modificador verbal: repentinamente

Predicado: puxara a primeira das éguas lazarentas para junto do cofre

Complemento direto: a primeira das éguas lazarentas

Complemento oblíquo: para junto do cofre

Pergunta:

Que função sintáctica está presente em «ao poste» na frase «A Joana abraçou-se ao poste»?

Resposta:

O sintagma preposicional «ao poste» desempenha a função sintática de complemento oblíquo.

O complemento oblíquo é um sintagma adverbial (cf. 1) ou preposicional (cf. 2 e 3) que não pode ser substituído pelo pronome pessoal na sua forma dativa (-lhe/-lhes). É selecionado pelo verbo e, por isso, faz parte do predicado.

    1) «A Rita mora aqui.»

    2) «Ninguém faltou à reunião.»

    3) «Os alunos foram para casa.»

Pergunta:

Gostaria de saber se, em «as chaves do cofre», o grupo preposicional «do cofre» é modificador do nome restritivo.

Resposta:

Sim, «do cofre» desempenha a função de modificador do nome restritivo, pois não é selecionado pelo nome que modifica («chaves») e tem por função restringir a realidade referida por esse nome.

Pergunta:

Como analisar sintaticamente a frase «Abandonou-me, cobardemente, às feras»?

Resposta:

Sujeito nulo subentendido: (ele)

Predicado: abandonou-me (às feras)

Complemento direto: -me

Complemento oblíquo/modificador: às feras*

Modificador: cobardemente

* Se considerarmos que este sintagma é um argumento do verbo abandonar, o mesmo tem a função de complemento oblíquo. Se considerarmos que não é um argumento do verbo, o mesmo tem a função de modificador.