Pergunta:
As funções sintáticas relativas aos verbos copulativos e transitivos-predicativos suscitam-me algumas dúvidas. Tendo-se, por exemplo, a frase seguinte:
«O réu foi considerado culpado», culpado é considerado um complemento direto, simultaneamente devido à falta deste elemento na frase e pelo facto de o verbo transitivo-predicativo surgir no particípio passado. Podemos considerar, pela mesma regra, que esses verbos e os verbos copulativos que surgem em frases com verbos auxiliares dos tempos compostos ou auxiliares temporais não apresentam, respetivamente, predicativo do sujeito e predicativo do complemento direto? (Ex.: Em «ele tem estado doente» e «ele tem ficado em casa», doente e «em casa» são considerados complementos oblíquos, ou predicativos do sujeito?)
Resposta:
1. Numa frase ativa como «o juiz considerou o réu culpado», o adjetivo culpado tem a função sintática de predicativo do complemento direto, pois predica a expressão nominal «o réu». Na frase passiva «o réu foi considerado culpado», o adjetivo culpado tem a função de predicativo do sujeito, uma vez que predica a expressão nominal «o réu», que é, nesta estrutura passiva, o sujeito da frase. O predicativo do sujeito concorda em género e número com o sujeito da frase: «Os réus foram considerados culpados; a ré foi considerada culpada.»
2. Nas frases «ele tem estado doente» e «ele tem ficado em casa», o grupo adjetival doente e o grupo preposicional «em casa» têm ambos a função de predicativo do sujeito.
Segundo o Dicionário Terminológico, «o predicativo do sujeito é a função sintática desempenhada pelo constituinte que ocorre em frases com verbos copulativos, que predica algo acerca do sujeito. Pode ser um grupo nominal, um grupo adjetival, um grupo preposicional ou um grupo adverbial. Contribui para a interpretação do sujeito, atribuindo-lhe uma propriedade, uma característica ou uma localização (temporal ou espacial). Neste sentido, diferencia-se dos complementos dos verbos transitivos (diretos ou indiretos), cujo significado não contribui necessariamente para uma identificação de uma propriedade ou de uma localização atribuível ao sujeito. É possível constatar que expressões com valor locativo selecionadas por verbos copulativos desempenham a função de predicativo do sujeito, porque podem ser coordenadas com outros constituintes com a mesma função, independentemente do seu valor: O João está [em Paris e muito doente].»
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