Pergunta:
[...] [D]eíticos, ou dêiticos? Se no termo gramatical português dêixis é reconhecido o ditongo -ei- (e bem!, uma vez que etimologicamente isso se verifica nos vocábulos gregos deiknumi e deixis, de onde procede dêixis), por que motivo na palavra derivada por sufixação (deíticos) esse ditongo se transformou no hiato "-e-í-"?
Grato pela vossa atenção.
Resposta:
A forma mais adequada do adjetivo em questão – entendido como «palavra cuja significação referencial só pode ser definida em função da situação, do contexto, do locutor e do recetor do ato de fala» (dicionário da Academia das Ciências de Lisboa) – será dítico ou díctico1. Dêitico (ou dêictico) é também aceitável, enquanto deítico (ou deíctico) menos favor histórico (filológico) tem, embora seja a forma mais usada nos estudos linguísticos, pelo menos em Portugal. O substantivo correspondente tem as variantes díxis (considerada a mais correta), dêixis, deíxis e deixis (esta a menos aceitável).
Começando por dítico, encontra-se o seu registo no Vocabulário da Língua Portuguesa (1966), de F. Rebelo Gonçalves, definido como sinónimo de demonstrativo e acompanhado da seguinte observação: «Inexacta a forma deíctico (decalque do francês déictique).» Esta apreciação pressupõe que o acento da grafia francesa não representa um acento de intensidade, mas é antes um diacrítico de timbre vocálico (é uma vogal igual ou semelhante ao e de cedo); a sequência éi pronuncia-se, portanto, "ê-i", articulando as duas vogais separadamente (hiato). O termo francês, que teve voga na investigação linguística portugues...