Pergunta:
Se todas as vogais nasais são fechadas, por que as palavras oxítonas/agudas terminadas em em (em que se origina um ditongo decrescente nasal fechado – ditongo fonético) são grafadas com acento agudo e não circunflexo (como também, amém, armazém, porém), excetuando-se os derivados dos verbo ter e vir na 3.ª pessoa do plural?
Resposta:
Não parece haver outra explicação que não seja a de se ter definido essa regra por se tratar de uma sequência gráfica especial, que não se comporta como as representações de nasalidade vocálica em inicial ou medial: âmbar, intercâmbio, ânfora, ignorância, êmbolo, ênfase, idêntico, ôntico, Estômbar, recôndito,
No Dicionário Houaiss, assinala-se que, entre os dígrafos, «[se incluem] tb. am, an, em, en, im, in, on, om, um, un (que representam vogais nasais).» Trata-se, no entanto, de uma afirmação que só terá em mente os grafemas usados em posição não final na escrita contemporânea.
Não obstante, é preciso referir que, no contexto da reforma ortográfica 1911, a norma determinava que tais substantivos agudos se escrevessem com acento circunflexo. Registam-se, portanto, grafias, como alêm, armazêm e porêm no Vocabulário Ortográfico e Remissivo da Língua Portuguesa (1913), de A. R. Gonçalves Viana. Aliás, as Bases da Reforma de 1911 previam isto mesmo: «O ditongo em, quando predominante [= tónico] em polissílabos, receberá o acento circunflexo, como em armazêm, armazêns, porêm, a par de margem, porem, cuja escrita indicará a acentuação márgem, pôrem, mesmo sem ser marcada.»1
Mais tarde, com a aplicação do Acordo Ortográfico de 1945 em Portugal e a adoção do Formulário Ortográfico de 1943 no Brasil, a possibil...