Pergunta:
Alfredo Gomes, Júlio Nogueira, Luiz A. P. Victoria, entre outros gramáticos, consideram as seguintes expressões como galicismos sintáticos:«fazer dinheiro» (no sentido de «realizar, de conseguir dinheiro»); «fazer erros»(por «cometer erros»); «fazer música» ( por «compor música») ;«fazer passeio» (por passear ou «empreender um passeio»).
Gostaria de sabe se essas expressões já são aprovadas pela gramática normativa, já que são usadas com frequência, inclusive por grandes escritores contemporâneos.
Grato pela resposta.
Resposta:
A resposta depende de cada caso e um pouco da definição e identificação dos usos corretos na história mais recente da língua portuguesa nos diferentes países em que ela é língua materna, administrativa e literária. Observe-se, também, que a censura às construções em questão parece dever-se sobretudo à suposição de ocorrerem como simples decalques de construções estrangeiras, geralmente de origem francesa ou inglesa. Todavia não é certo que todas as quatro locuções sejam resultado direto de tal influência.
Assim:
1 Fazer dinheiro
É bastante discutível condenar hoje o uso de «fazer dinheiro», porque esta expressão tem registo, por exemplo, num dicionário elaborado em Portugal, o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea, que a Academia das Ciências de Lisboa publicou em 2001. Mesmo que, do ponto de vista normativo, se tenham levantado reservas às opções deste dicionário, importa salientar que «fazer dinheiro» já figura em obras de autores literários do século XIX ou de começos do seguinte, como abonam os seguintes exemplos:
(1) «O velho Soares é uma máquina de fazer dinheiro; vive no escritório» [José de Alencar (1829-1877), Sonhos d'Ouro (1872), in Corpus do Português, de Mark Davies)
(2) «(...) é ne...