Pergunta:
Dada a profusão de sites que se referem a essas pequenas plantas de belas flores coloridas mas de cheiro pouco agradável como cravos túnicos, suponho que sou eu que estou errada.
Sempre os conheci como cravos púnicos, ou seja, «cravos fenícios». No entanto, sendo púnico um termo tão pouco conhecido da maioria dos falantes desta língua, sempre assumi que a troca se devesse a uma maior sensação de familiaridade com a palavra "túnico", provavelmente derivada de túnica.
Estou errada? Será que os meus cravos nunca foram realmente fenícios e foram buscar o nome a uma peça de roupa?
Resposta:
É difícil ser perentório quanto à forma correta do nome em questão.
É possível que túnico esteja em lugar de púnico, mas são tantos os nomes dados à planta, que surgem dificuldades até para saber de que planta se trata realmente – pelo menos, pode ser quer a Tagetes patula1 quer a Tagetes erecta. Além disso, tem vários nomes em português2, havendo variação regional.
Apesar de tudo, uma consulta de páginas da Internet revela que cravo-túnico é a forma corrente. Pode tratar-se de facto de uma analogia com túnica, talvez mais presente no espírito do falante médio. No entanto, também se encontra a denominação cravo-de-tunes, que tanto pode ter motivado um gentílico deturpado ("túnico", em vez dos corretos tunesino ou tunisino)2, como corresponder a uma nova interpretação com base na anterior troca de púnico por "túnico".*
Registe-se, mesmo assim, uma frase retirada de um texto de João Bénard da Costa atesta o uso de cravo-púnico (manteve-se a grafia original):
(1) «O tema de Lark, vestida de arminho ou de prata, trazendo na mão um cravo púnico ou uma rosa da Pérsia.» ("As almas do outro mundo" 05/09/2003, in Público)1
Contudo, no mesmo jornal em que se encontra cravo-púnico, acha-se um artigo publicado anos mais tarde, a abordar o tema das flores comestíveis, no qual se escreve cravo-tunico, identificando com a ...