Pergunta:
Examinem-se as seguintes frases:
«Carlota disse ao filho para não voltar à cidade.»
«Ela lhe pediu para não chamá-la de Doquinha.»
«No auge da aflição, seu companheiro gritava-lhe para não sair do lugar.»
Gostaria de saber sobre a legitimidade das orações iniciadas por para. São um caso de contaminação sintática? De coloquialidade? Como analisar esse tipo de orações?
Obrigado.
Resposta:
É legítima a opção pela preposição para nas frases apresentadas.
Na Gramática do Português, orientada por Raposo et al., descrevem-se as orações subordinadas infinitivas completivas introduzidas pela preposição para como um caso particular de complemento direto selecionado por verbos diretivos. Estes verbos «designam atos de fala que representam ordens ou pedidos» (Barbosa e Raposo in ibidem, p. 1929). Em particular os verbos dizer, implorar, insistir e pedir constroem-se com orações introduzidas pela preposição para, que, neste caso particular, funciona como um complementador (termo que introduz a oração completiva)1.
Assim, uma vez que os verbos da oração subordinante nas frases apresentadas têm um valor diretivo, o recurso à preposição para é aceitável e encontra-se descrito, como vimos acima.
Disponha sempre!
1. A este propósito, ver também esta resposta.