Aura Figueira - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
Aura Figueira
Aura Figueira
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Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses e Franceses, pela Faculdade de Letras da Universidade Clássica de Lisboa, com uma pós-graduação em Ciências da Documentação e da Informação, variante de Biblioteconomia. É professora de português dos ensinos básico e secundário. 

 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Como é que posso chamar ao profissional que grava/regista sons/músicas? Em Inglês, chamam «Recordist»

Resposta:

O profissional que grava ou regista sons/músicas em estúdio é um técnico de som ou de áudio. Se o fizer no exterior, na rua, em reportagem, é um operador de som.

Por outro lado, existem ainda aqueles que se encarregam da sonoplastia, que é uma especialidade diferente: trata-se da *«reconstituição artificial de todos os sons que fazem parte de um espectáculo de teatro, de cinema, de televisão ...».

* in Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea. João Malaca Casteleiro, coordenador (Academia das Ciências de Lisboa). Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa e Editorial Verbo, 2001

Pergunta:

Na frase «A imagem do mar começava a transformar-se numa referência de esperança e ambição.», a função sintática da expressão «numa referência de esperança e ambição» é complemento oblíquo ou predicativo do sujeito?

Resposta:

        A expressão «numa referência de esperança e ambição» é selecionada pelo verbo «transformar-se», equivalente, semântica e sintaticamente, a «tornar-se», um verbo que faz parte da lista dos verbos copulativos. Assim, consideraremos também «transformar-se» como verbo copulativo pelo que a expressão em questão desempenha a função sintática de predicativo do sujeito.

Pergunta:

Por que razão o papagaio também é chamado de "louro"? Qual a relação entre as duas palavras?

Resposta:

 Papagaio e louro são, comummente, sinónimos.

A palavra louro terá, talvez, tido origem no termo malaio nóri e é um termo popular para designar a ave tropical vulgarmente designada por papagaio, sendo, muitas vezes, utilizadas em conjunto, como na conhecida cantiga da música tradicional portuguesa:

 

«Papagaio loiro,

de bico doirado,

leva-me esta carta,

para o outro lado!

 

Para o outro lado,

Para a outra margem, 

papagaio loiro,

de linda plumagem!

 

De linda plumagem,

linda como oiro,

leva-me esta carta,

 

Papagaio loiro!»

 

in Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea. João Malaca Casteleiro, coordenador (Academia das Ciências de Lisboa). Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa e Editori...

Pergunta:

«Se bobear eu te pego.» É preciso utilizar vírgula após a palavra bobear?

No segundo caso, «A gente vive sem comida, sem cerveja nunca.» É necessário o uso da vírgula depois de «cerveja»?

Obrigado pela atenção.

Resposta:

A frase «Se bobear eu te pego.» tem duas orações, antecedendo a oração subordinada adverbial («Se bobear») a oração subordinante («eu te pego»), pelo que devem ser separadas por vírgula: «Se bobear, eu te pego.» Sempre que a oração subordinada adverbial antecede ou está intercalada na oração subordinante é isolada por vírgulas, dado que não se encontra na sua posição canónica.

Na frase «A gente vive sem comida, sem cerveja nunca.», foi eliminado o verbo «viver», que fica subentendido (A gente vive sem comida, sem cerveja nunca vive.): a vírgula após «cerveja» é necessária, pois «Emprega-se a vírgula no interior da oração para indicar a supressão de uma palavra (geralmente o verbo) ou de um grupo de palavras:

         Chuva, névoa, desconforto,

Pergunta:

A segunda parte da seguinte frase é uma oração subordinada adverbial, iniciada por «onde»? Creio que não. Caso seja, sou obrigada a colocar uma vírgula, estou certa?

«Faz hoje anos que o Luís iniciou uma digressão pelo Oriente(,) onde visitou Hong Kong e Macau.»

Agradeço muitíssimo a vossa atenção.

Resposta:

       Se a oração «onde visitou Hong Kong e Macau» fosse uma subordinada adverbial, que não é, não precisaria de ser antecedida de vírgula porque se encontra na sua posição canónica, isto é, após a oração subordinante.

      No entanto, trata-se de uma oração subordinada adjetiva relativa explicativa, introduzida pelo pronome relativo «onde», tornando obrigatório o uso da vírgula: «Faz hoje anos que o Luís iniciou uma digressão pelo Oriente, onde visitou Hong Kong e Macau.»

      O mesmo  pronome relativo «onde» introduz também a oração subordinada substantiva relativa, que pode cumprir a função sintática de, por exemplo, complemento direto da oração subordinante, não sendo, portanto, separado por vírgula:

       «Ela sabe onde está o carro.» 

Fontes:

Dicionário Terminológico<...