Como o título adianta, Línguas em Português – A Lusofonia numa Visão Crítica, sob a organização de Sweder Souza e Francisco Calvo del Olmo, trata da relação que as comunidades lusófonas têm com a língua portuguesa, trazendo para cima da mesa reflexões críticas acerca desta relação, nem sempre pacífica nos diferentes territórios – Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné Bissau, São Tomé e Príncipe, Guiné Equatorial, Brasil, Timor, Portugal.
Ao longo de 11 capítulos assinados por diferentes especialistas na área da língua portuguesa podem-se encontrar diferentes pontos de vista sobre práticas sociais que envolvem questões de língua e aspetos políticos associados. Assim, «Entre "arranques súbitos e freadas bruscas": percursos das iniciativas oficiais brasileiras para a promoção internacional do português» (Leandro Diniz) e «Portugal não é o dono da língua portuguesa» (João Veloso) são dois capítulos que abordam a língua portuguesa em territórios português e brasileiro, únicos espaços onde ela é hegemónica e idioma materno da grande maioria dos habitantes. O cenário dos países africanos de língua portuguesa (PALOP), onde o português se enraizou com intensidades diferentes, é tratado em «A língua portuguesa como variedade nacional em Angola» (Eduardo Ferreira dos Santos), «A língua portuguesa na sala de aula cabo-verdiana» (Elvira Reis), «Política e planejamento linguístico na Guiné Bissau» (Rachide Djau), «O ensino do português em Moçambique: conflitos entre o uso prescritivo e os usos reais» (Ermelinda Mapasse), «Há uma política linguística para o português em São Tomé e Príncipe?» (Gabriel Antunes de Araujo) . Se nos espaços de Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Moçambique e Guiné-Bissau a relação com a língua se pauta pela diversidade, já na Guiné Equatorial a usabilidade da língua e as questões por detrás da oficialidade da mesma, que data de novembro de 2011, ainda mais afastam este país dos PALOP, daí a pertinência de falar destas questões em «A Guiné Equatorial no cenário Lusófono: política e planejamento linguísticos» (Charlott Eloize Leviski e Alexandre António Timbane). «A oficialidade da língua portuguesa na paisagem multilingue de Timor-Leste: construção e manutenção de uma história» (Joice Eloi Guimarães e Renata Tironi de Camargo) constitui um capítulo que retrata a presença da língua portuguesa em Timor, onde, a par da Guiné Equatorial, é menos expressiva e se insere num contexto plurilingue. Por fim, os dois últimos capítulos centram-se na permanência do português num território autónomo pertencente à China – Macau – e numa região de Espanha – Galiza –: «A língua portuguesa em Macau em tempos de globalização e mobilidades políticas linguísticas e ensino» (Liliana Gonçalves e Roberval Teixeira e Silva) e «Galego e português, uma mesma língua diferente» (Xoán Carlos Lagares).
Apesar da vastidão e complexidade de um assunto como a lusofonia – termo que levanta alguma contestação por ser associado a um projeto político e cultural ainda marcado pela memória colonial –, qualquer leitor que se interesse pelas questões trabalhadas nesta obra poderá enriquecer o seu conhecimento ao lê-la, graças à descrição e debate das facetas e perfis que a língua portuguesa apresenta em espaços completamente distintos.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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