Organizada por Carlos Fiolhais, José Eduardo Franco e José Pedro Paiva, esta obra, como se lê no texto de apresentação, representa o resultado da «colaboração de 87 autores que trabalham não só em Portugal como por todo o globo, portugueses e não portugueses, especialistas nas mais diversas subáreas da História, como história política, história institucional, história geográfica, história cultural, história da ciência, história económica, história social, história da arte e história religiosa.»
Com coordenação científica de João Luís Cardoso (Pré-História e Proto-História), Carlos Fabião (Antiguidade), Bernardo Vasconcelos e Sousa (Idade Média), Cátia Antunes (Época Moderna) e António Costa Pinto (Época Contemporânea), o volume é constituído por um conjunto de 96 capítulos, a cada um dos quais se atribui uma data ou um intervalo temporal, repartidos por cinco secções. Sucedem-se ao longo das páginas sínteses muito úteis, pois permitem contextualizar a génese, consolidação e expansão de Portugal como comunidade detentora de uma língua própria, mas profundamente implicada nos grandes movimentos políticos e sociais da Península Ibérica, da Europa, do Norte de África e, mais tarde, de todo o mundo, com a intensificação do tráfego da navegação militar e comercial a partir do século XV. Trata-se, portanto, de uma obra que, não dizendo diretamente respeito à história da língua, inclui capítulos com o interesse de focarem as origens e a diacronia do português.
Assim, incidindo sobre a matriz latina da língua, destaca-se o capítulo "139 a. C.-14 d. C. – Alinhar com o império: a língua" (pp. 87-92), de Amílcar Guerra, especialista que tem dado um contributo notável para a história das línguas paleo-hispânicas na faixa ocidental da Península Ibérica. No capítulo intitulado "882 – A escrita à mão e a sua evolução" (pp. 175-180), a autora, Maria José Azevedo Santos, apresenta de forma sucinta os principais momentos da evolução da escrita em língua vernácula no período medieval; e, avaliando o modo como os dialetos galego-portugueses acompanharam as grandes tendências de elaboração administrativa e literária das línguas europeias, seguem-se os capítulos "1174 – A língua que os portugueses falavam e escreviam" (pp. 221-226), de António Manuel Ribeiro Rebelo, e "1196 – Da literatura latina à literatura portuguesa" (pp. 233-238), de António Resende de Oliveira. O período da expansão e conquistas, dos séculos XV e XVI, tem o binómio expressão literária-ideologia aflorado por Diogo Ramada Curto em "1572 – Camões, as armas, as letras e o choque de civilizações" (397-402); e o que tem sido na contemporaneidade a projeção internacional da literatura de Portugal é o tópico de "1988 – Da internacionalização da literatura portuguesa: Pessoa, Saramago e Lobo Antunes" (pp. 645-652), de Onésimo Teotónio Almeida.
Longe de abordar Portugal como uma espécie de ilha, que só o deixa de ser quando cria o seu mundo imperial e onde os acontecimentos parecem apenas produzir-se por dinâmica interna, este livro afirma-se preocupado em evidenciar a constante interação cultural que está não só na origem do país mas também na do seu devir. É o que, em sinopse, se sublinha, numa declarada intenção de abertura a um mundo cuja história, afinal, não conhece fronteiras: «Portugal é o resultado de incontáveis dinâmicas de diálogo e de choque com outros lugares. E o mundo tem traços das mediações que os habitantes do espaço de Portugal espalharam. É esta fascinante história que aqui se pretende contar para melhor percebermos quem somos e o mundo em que vivemos.»
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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