Dois casos – um anúncio-promoção do Metopolitano de Lisboa e uma frase descuidada no Telejornal da RTP 1 – aqui apontados pelo antigo diretor da agência de notícias Lusa, na coluna que assina às sextas-feiras no diário português i.
Tudo indica que o Metropolitano de Lisboa não gosta dos seus utentes. Não quer servi-los melhor, nem mesmo quando “aluga” uma das suas principais estações a uma outra empresa. Foi o que aconteceu com a PT Blue Station Baixa-Chiado: o acesso das pessoas com deficiência motora continua impossível, os mesmos estafados mendigos continuam a percorrer as carruagens, as mesmas vetustas escadas rolantes continuam diariamente a ter problemas. Dentro de dias, por tudo isso o utente passará a pagar bastante mais, ao abrigo da governamental filosofia segundo a qual a ele (utente) cabe tapar uma parte muito substancial do buraco financeiro da empresa.
Como aqui já foi mencionado, o desprezo do Metropolitano pelo utente manifesta-se também no pouco cuidado dispensado à língua portuguesa. Há meses a empresa anuncia insistentemente as vantagens da utilização de dois cartões — dois — que «poupa dinheiro e é amigo do ambiente». Mas não poupa a língua nem é amigo da concordância verbal.
Pior do que isto só mesmo a jornalista da RTP que declarou que a linha do Tua «tem 25 quilómetros de distância». Todos pensávamos que teria, quando muito, 25 quilómetros de comprimento…
Será que o problema de fundo reside em algum tipo de incompatibilidade entre transportes públicos e a língua portuguesa?
In jornal i, de 27 de janeiro de 2012, na crónica semanal do autor, Ponto do i, que assinala alguns erros na escrita jornalística, em Portugal.