O nosso idioma - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Textos de investigação/reflexão sobre língua portuguesa.
A particularidade dos tabuísmos no Porto

Em nenhum outro lugar de Portugal fala um português tão rico como no Porto — escreve neste artigo* o jornalista e escritor Paulo Moura, sustentando como, aí, «os palavrões não são obscenos: são uma arte e uma filosofia».

 

¹ in jornal Público de 18/02/2007

«O jornal Público, que é dos únicos jornais que ainda se podem ler, tem vindo a desapontar numa área que é crucial. Falo da ortografia, que tem vindo a ser descurada pelos senhores jornalistas nos últimos tempos. Julgo ser fácil apontar os motivos que a fazem uma área crucial. Simplesmente o jornal é uma publicação impressa ou "digital" mas que é lida e para além de ter um papel informativo tem também um papel educativo. (...)

... trocado pelo hás--de (sem hífen pós-AO de 1990)

O erro hades assinalado neste conto* da escritora portuguesa Luísa Costa Gomes, com vários outros plebeísmos da linguagem popular 

 

*in Contos Outra Vez, 1997, Edições Cotovia, 1997, Prémio Camilo Castelo Branco da Associação Portuguesa de Escritores, 1998.

Há gente que gosta de falar difícil. Alguns por sua cultura bacharelesca e outros pela vivência científica das suas profissões.

Há um soneto famoso na literatura brasileira de autoria de um quase desconhecido poeta, Luiz Lisboa, cujo nome não figura nos compêndios didácticos nem consta nas enciclopédias. O poema tem passado de mão em mão e preservado do esquecimento pelo inusitado dos seus versos. Conheço duas versões e três títulos diferentes. Vamos a eles:

«A uma deuza (sic)» –...

Ou a palavra é o princípio e negação da eternidade ou o eterno só terá começado - sem ter sido concluído - com a palavra. A cosmogonia dos gestos, dos sons, dos símbolos - da palavra, como elemento da criatividade mais inicial, a palavra como princípio de se conhecer a existência. Como princípio de todos os princípios e descoberta da vida pelo conhecimento da morte.

Falar é sermos nós com os outros para se perceber o singular e entender-se também a si. (...)

Numa tarde chuvosa do Rio do Janeiro, por sinal sábado, decido-me a seguir o conselho de alguns dos meus amigos, e vou ver o filme "Língua". Como se trata de uma obra sobre a língua portuguesa, tema que à partida não tem os atractivos de Bridget Jones, imagino que não haverá na sala mais do que meia dúzia de "gatos pingados" - expressão bem curiosa, porque caracteriza não quem designa, mas o número de pessoas que designa. Apenas um princípio de precaução me faz ir um pouco mais cedo.

E fo...

Qualquer dicionário deve conter – e o Houaiss contém – palavras como convencido, datado, precipitado, reduzido, não porque formas de verbo, mas porque autênticos adjectivos. Por razão semelhante, deve incluir advérbios de modo terminados em «mente». Derivados embora de adjectivos, são vocábulos independentes. E, o que é mais, a relação adjectivo-advérbio é não raro aleatória (qual dos sentidos de «prático» está em praticamente?), ou ambígua (pontualmente tem dois significados), ou problemátic...

Sábado, segunda e terça, nossos jornais noticiaram seqüestros. Voltou a ser moda. Em Caruaru e no Recife. Sendo a liberdade das infaustas vítimas negociada com seus familiares, em troca de grana. Nenhum jornal falou em “rapto”. Estamos melhorando.

“Seqüestro”, não custa lembrar, é privar alguém de sua liberdade, em cárcere privado. Enquanto “Rapto” é sempre de mulher honesta, mediante violência e para fim libidinoso. As meninas de Serrambi não foram “seqüestradas”, pois. Mas podem ter sid...

São muitos e variados os erros de língua portuguesa que se ensinam por aí. Aqui e agora, apreciemos alguns deles, mas, antes, permita-se-me uma nota prévia: não identifico as obras e os autores que vou criticar, apenas os cito, pois nunca quis nem quero melindrar pessoalmente ninguém.

Debrucemo-nos, então, sobre alguns desses erros...

1 – Há quem diga que a gramática ensina a falar e a escrever correctamente.

A proliferação dos neologismos
O exemplo francófono

«O Estado francês – escreve* o jornalista Paulo Querido – oficializou o termo courriel para designar o correio electrónico», que passou a ser obrigatória. em toda  na administração pública do país.

* in semanário Expresso, do dia 26 de Agosto de 2003