O nosso idioma - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
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Textos de investigação/reflexão sobre língua portuguesa.

Ou a palavra é o princípio e negação da eternidade ou o eterno só terá começado - sem ter sido concluído - com a palavra. A cosmogonia dos gestos, dos sons, dos símbolos - da palavra, como elemento da criatividade mais inicial, a palavra como princípio de se conhecer a existência. Como princípio de todos os princípios e descoberta da vida pelo conhecimento da morte.

Falar é sermos nós com os outros para se perceber o singular e entender-se também a si. (...)

Numa tarde chuvosa do Rio do Janeiro, por sinal sábado, decido-me a seguir o conselho de alguns dos meus amigos, e vou ver o filme "Língua". Como se trata de uma obra sobre a língua portuguesa, tema que à partida não tem os atractivos de Bridget Jones, imagino que não haverá na sala mais do que meia dúzia de "gatos pingados" - expressão bem curiosa, porque caracteriza não quem designa, mas o número de pessoas que designa. Apenas um princípio de precaução me faz ir um pouco mais cedo.

E fo...

Qualquer dicionário deve conter – e o Houaiss contém – palavras como convencido, datado, precipitado, reduzido, não porque formas de verbo, mas porque autênticos adjectivos. Por razão semelhante, deve incluir advérbios de modo terminados em «mente». Derivados embora de adjectivos, são vocábulos independentes. E, o que é mais, a relação adjectivo-advérbio é não raro aleatória (qual dos sentidos de «prático» está em praticamente?), ou ambígua (pontualmente tem dois significados), ou problemátic...

Sábado, segunda e terça, nossos jornais noticiaram seqüestros. Voltou a ser moda. Em Caruaru e no Recife. Sendo a liberdade das infaustas vítimas negociada com seus familiares, em troca de grana. Nenhum jornal falou em “rapto”. Estamos melhorando.

“Seqüestro”, não custa lembrar, é privar alguém de sua liberdade, em cárcere privado. Enquanto “Rapto” é sempre de mulher honesta, mediante violência e para fim libidinoso. As meninas de Serrambi não foram “seqüestradas”, pois. Mas podem ter sid...

São muitos e variados os erros de língua portuguesa que se ensinam por aí. Aqui e agora, apreciemos alguns deles, mas, antes, permita-se-me uma nota prévia: não identifico as obras e os autores que vou criticar, apenas os cito, pois nunca quis nem quero melindrar pessoalmente ninguém.

Debrucemo-nos, então, sobre alguns desses erros...

1 – Há quem diga que a gramática ensina a falar e a escrever correctamente.

A proliferação dos neologismos
O exemplo francófono

«O Estado francês – escreve* o jornalista Paulo Querido – oficializou o termo courriel para designar o correio electrónico», que passou a ser obrigatória. em toda  na administração pública do país.

* in semanário Expresso, do dia 26 de Agosto de 2003

Nas televisões

«O grande problema não é saber-se poucas coisas – escreve neste texo* o escritor português Mário de Carvalho –. Nem tampouco saber-se mal as coisas. É antes saber-se um excesso de coisas erradas. Esta última asserção não é a minha, mas não me recordo do nome do autor. Vai com as minhas desculpas se for vivo ou com as minhas homenagens se já se encontrar em estado de as desculpas não lhe servirem de nada.»

 

* Texto transcrito, com a devida vénia,  jornal "Público", de 28/05/1096.

O 25 de Abril no léxico português

O que mudou no léxico da língua portuguesa com o 25 de Abril de 1974 em Portugal – neste artigo da linguista Margarita Correia, assinalando o 29.º aniversário da "Revolução dos Cravos".

 

Regionalismos

Ao contrário do que pensam algumas conceituadas cabeças, falar e escrever bem a língua portuguesa não é exactamente uma mera preocupação de coca-bichinhos, de sujeitos caturras, portadores de uma dúzia de regras prontas a usar, sempre dispostos a embirrar com novas construções e com a natural evolução das formas. Acontece que a língua é património comum de largas dezenas de milhões de indivíduos, e ...

Se o léxico de uma língua é um sistema dinâmico, isto é, se se caracteriza pelo movimento, importa esclarecer como é visualizada a relação entre um léxico com essas características e um dicionário, produto acabado e, por natureza, entidade estática.

Para o fazer, importa responder a algumas perguntas e desmistificar algumas ideias feitas sobre os dicionários:

1. Até que ponto é que o dicionário determina o que pertence e o que não pertence às línguas?